terça-feira

HISTÓRIA ANTIGA

HISTÓRIA ANTIGA

Considerações sobre a ciência História:

· a História estuda a vida humana através do tempo;
· o conhecimento histórico alarga a compreensão do homem enquanto ser que constrói o tempo;
· “História e a ciência do passado e do presente, um e outro inseparáveis.” Fernand Braldel;
· O historiador não pode ser um homem isolado de sua época. E por isso mesmo, não pode ser neutro. O historiador é parte integrante da História;
· Peter Burke lembra que “por mais que lutemos arduamente para evitar os preconceitos associados a cor, credo, classe ou sexo, não podemos evitar olhar o passado de um ponto de vista particular”. Já Edward H. Carr conceitua
a História como “um processo contínuo de interação entre os historiador e seus fatos, um diálogo sem fim entre o presente e o passado”;
· Mesmo que se volte para o estudo de um passado longínquo, o historiador não está livre de condicionamentos diversos ao investigar e escrever sobre o tema escolhido;
· Fontes históricas são:
· signos, sinais e vestígios do passado dos homens que são recolhidos, agrupados e criticados para fundamentar o conhecimento produzido pelos historiadores;
· utensílios, ferramentas e artefatos produzidos pelos homens, que chegaram até o presente, servindo de testemunho de práticas humanas já vividas;
· diversos tipos de referência do passado, dentre os quais se incluem escritos, manuscritos, imagens, patrimônio arquitetônico e cultural – de tipo material ou simbólicos;
· todas as referências de atividades humanas, pois compõem o patrimônio cultural de todo e qualquer grupo humano, servindo de indicadores do seu passado.

PERIODIZAÇÃO DA HISTÓRIA – indicação de períodos históricos demarcando o tempo histórico com marcos significativos.
Pré-história – do surgimento do homem primitivo até a invenção da escrita.
História – da invenção da escrita até os dias atuais.

Pré-história:
Paleolítico – do aparecimento do homem ate cerca de 10 mil a.C.
Neolítico – de 10 mil a.C. até 4000 a.C. com o aparecimento da escrita
Idade dos Metais – 4000 a.C. ate cerca de 3.500 a.C.
História:
Antiga – Aparecimento da escrita (4000ª.C.) até queda Império Romano em 476.
Média – 476 até 1453 (queda de Constantinopla, fim Guerra dos 100 anos).
Moderna – 1453 até 1789 (Revolução Francesa)
Contemporânea – 1789 até os dias atuais.

PERÍODOS DA PRÉ-HISTÓRIA

PALEOLÍTICO
- homem coletor
- instrumento pedra lascada
- controle do fogo
- nomadismo
- evolução lenta para o sedentarismo – devido busca de soluções para superar dificuldades geradas pela natureza.
- surgimento dos primeiros clãs (família)
- sem preocupação de excedentes
- pintura rupestre
- modelagem em barro, ligado a rituais mágicos da caça


NEOLÍTICO
- homem
- instrumentos pedra polida
- homem interferindo na natureza
- sedentarismo’
- cultivo de plantas e domesticação de animais
- revolução agrícola
- aumento de produção
- produção de excedentes para garantir abastecimento
- desenvolvimento da cerâmica, tecelagem
- divisão social do trabalho, formação de casas, aldeias
- religião como proteção das intempéries da natureza;
- formação de deuses Manires e Dolmens (monumentos de pedra).
- uso da roda.

IDADE DOS METAIS – desenvolvimento e difusão do processo de fundição dos metais (cobre bronze e ferro), grande avanço a metalurgia, confecção de materiais com metais – panelas, ferramentas, armas, etc

A transformação sociais leva a formação das civilizações que são caracterizadas pela formação do estado, divisão social do trabalho, aumento da produção, registro dos escritos e propriedade privada.

Pré-História na América e Brasil
- a hipótese mais aceita da ocupação da América, pelo homem, e a da entrada pelo Estreito de Bering.
- pesquisas arqueológicas de Niede Guidon sugere que os homens pré-históricos habitavam o Brasil a aproximadamente 50 mil anos, os vestígios de comprovação da presença humana foram encontrados no município de Raimundo Nonato,no Piauí.
- Meados do século passado, o dinamarquês Peter Lund encontrou, na gruta de Sumidouro, em MG, fósseis de indivíduos com aproximadamente 12 mil anos.


O EGITO ANTIGO
A atividade mais importante na sociedade egípcia era a agricultura. O tempo disponível nos períodos de entressafra era absorvido na construção de monumentos, pirâmides, templos, sepulcros, no artesanato e em obras de irrigação. Além dos produtos agrícolas, os egípcios complementavam sua alimentação com a pesca e a caça. Fabricavam vinho de uva e tâmara, pão e cerveja de trigo e cevada. Com um vegetal chamado papiro faziam cordas, redes, barcos e o famoso tecido para escrever.
A agricultura adotava uma técnica bastante simples, utilizando os animais para a semeadura em terrenos moles e a enxada e o arado em terrenos mais duros (esses dois instrumentos eram feitos de madeira e sílex). O Egito demorou muitos séculos para substituir a madeira e a pedra pelo bronze; por essa razão teve um desenvolvimento técnico lento.
A sociedade egípcia pode ser comparada à construção que mais popularizou sua cultura: a pirâmide. No vértice estava o faraó, depois vinha a alta burocracia (altos funcionários, sacerdotes e altos militares) e, na base, os trabalhadores em geral (camponeses, artesãos e uns poucos escravos).
A HISTÓRIA POLÍTICA DO EGITO
A história política do Egito antigo é tradicionalmente dividida em 3 grandes períodos: Antigo Império, Médio Império e Novo Império. Além desses três grandes períodos, temos o Pré-Dinástico (período de formação do Estado), e dois períodos intermediários, que ocorreram entre o Antigo e o Médio Império e entre o Médio e o Novo Império.
Por volta do IV milênio, os egípcios estavam organizados em nomos: pequenos Estados que tinham um chefe independente da autoridade central à unificação dos nomos teria ocorrido por volta de 3000 a.C., período em que se consolidava uma economia agrícola, a escrita e a técnica com metais (cobre e ouro), cerâmica e tecelagem avançava. Começava assim o período conhecido como Antigo Império.
O Antigo Império ou Reino Antigo (2480 a 2200 a.C.)
O primeiro rei do Antigo Império foi Djoser, que estabeleceu sua, capital em Mênfis,’ Esse período ficou conhecido como época das pirâmides, pois foi sob Djoser que se iniciou a construção da primeira pirâmide de degraus de Sakkara. E depois, na 4’ dinastia, foram construídas as famosas pirâmides de Quéops, Quéfren e Miquerinos’.
Durante a 5ª dinastia, o culto ao deus Hórus e ao deus Sol (Rá) aumentou ainda mais o poder absoluto do faraó.
O Primeiro Período Intermediário (2134 a 2065 a.C.)
No final da 6ª dinastia, os nomos começaram a se tornar independentes, levando o poder dos faraós à fragmentação. As colheitas desse período também foram insuficientes, o que aumentou o descontentamento com relação ao faraó.
O Egito voltou a ser dividido em pelo menos dois reinos: o do Alto e o do Baixo Egito. A reunificação foi feita pelo faraó Mentuhotep, por volta de 2060 a.C.
O Médio Império (2065 a 1785 a.C.)
A partir da 12’ dinastia, o Egito alcançou o período mais glorioso de sua história. A estabilidade interna coincidiu com o aumento de sua influência no exterior, e as fronteiras se ampliaram.
Em nível político surgiu uma nova modalidade sucessória: o faraó dividia o trono com seu filho, para garantir a sucessão ainda em vida. O cargo de monarca (autoridade provincial dos nomos) foi suprimido. O poder central controlava rigorosamente o país: faziam-se recenseamentos para aferir o número de homens, cabeças de gado e terras aráveis, podendo assim serem fixados os impostos.
A invasão de povos asiáticos pelo delta do Nilo, entretanto, corroeu a autoridade central, iniciando nova divisão do poder.
O Segundo Período Intermediário (1785 a 1580 a.C.)
Povos da Ásia, chamados pelos egípcios de teso™ estabeleceram-se no delta do Nilo, fixaram sua cidade em Ávaris e a partir dali foram conquistando todo o país.
O Egito voltou a ficar dividido. Foi Kamés, chefe militar de Tebas, quem iniciou a luta contra os invasores, e Ahmés, seu sucessor, quem conseguiu derrotá-los definitivamente, tomando Ávaris.
Os hicsos deixaram para os egípcios importantes contribuições:
· o uso do cavalo;
· o carro de guerra;
· tear vertical para fabricar tecidos;
· introdução do gado zebu na pecuária;
· e, principalmente, introduziram a fundição em bronze.
O Novo Império (1580 a 1200 a.C.)
O Novo Império significou para o Egito um período brilhante, mas sem a grandeza anterior.
Ahmés iniciou a 18’ dinastia com expulsão dos hicsos e aumentou o poder dos sacerdotes do templo do deus Amon. Tutmés III dominou o reino de Mitani, tendo-se efetivado o militarismo no Egito com a formação de um exército permanente.
Desde o início do Novo Império os sacerdotes de Amon vinham aumentando seu poder. Alguns faraós sentiram nisso uma ameaça ao poder real. Quando o trono foi ocupado por Amenófis IV (1372 a 1354 a.C), o culto a Amon foi suprimido, uma nova capital foi instituída e uma nova religião foi criada (adoração ao disco solar, Aton) ; o faraó mudou seu nome para Akhenaton - filho do sol - e era adorado como o próprio sol.
Com a morte de Akhenaton, os sacerdotes recuperaram o poder e restauraram o culto ao deus Amon. O sucessor de Akhenaton, Tutankamon, governou por pouco tempo, e após sua morte o poder foi tomado por Horemheb, general que se vinha destacando na luta contra os hititas, que tentavam invadir o país. Os sacerdotes de Amon legitimaram o novo faraó.
A partir daí instituiu-se uma nova dinastia, descendente de militares. Ramsés I, sucessor de Horemheb, era também oficial e se destacara na luta contra os hititas. No reinado do faraó seguinte, Ramsés II, o surgimento do império assírio como inimigo comum levou o Egito e o império hitita a assinarem, em 1278 a.C., o que podemos chamar de o primeiro tratado internacional de cooperação. Para selar a aliança, Ramsés II casou-se com uma princesa hitita.
Após o reinado de Ramsés II, o Egito entrou em franca decadência. A freqüente ocorrência de movimentos sociais, bem como as constantes invasões e o aumento da fome e da miséria, levou o país à dominação completa pelos assírios. Isso se deu em 666 a.C., sob o comando de Assurbanipal.
Em 653 a.C. os assírios foram expulsos e iniciou-se o chamado Renascimento Saíta, uma efêmera restauração do poder central. Mas a formação e o crescimento de uma nova força ameaçavam o Egito: o império persa, que avançava em várias direções.
Apesar das alianças com Esparta e outras cidades gregas, o Egito foi dominado pelo soberano persa Cambises, depois da batalha de Pelusa, em 525 a.C.
No ano 404 a.C., o Egito conseguiu sua independência, sendo novamente tomado pelos persas em 343 a.C. Esse domínio durou até 332 a.C., quando Pérsia e Egito foram dominados por Alexandre Magno. O Egito passou a ser um importante domínio do império alexandrino.

SUMERIANOS E ACADIANOS (antes de 2.000 a.C)
- sumérios fixaram-se na Caldeia e fundaram várias cidades autônomas governadas pelo PATESI – supremo sacerdote e chefe militar absoluto, que controlava a administração e a cobrança de impostos da população;
- os deuses eram considerados o proprietário de todas as terras, os homens deviam sempre servir aos deuses;
- aos deuses eram erigidos os zigurates – pirâmides de tijolos que serviam de templos e acesso aos deuses quando desciam até seu povo;
- inventaram a escrita CUNEIFORME – caracteres em forma de cunha;
- as cidades-estados sumerianas viviam em guerra pela supremacia da região o que as deixou enfraquecida e facilitou a penetração pelos ACADIANOS – povos de origem semita, que comandados pelo rei SARGÃO I . Por volta de 2300 a C. Sargão I vai unificar politicamente a mesopotâmio se tornando o “soberano dos quatros canto da terra”
- diversas revoltas internas vão levar a decadência total do império acadiano.

PRIMEIRO IMPÉRIO BABILÔNICO (2000 a. C. – 1750 a.C.)
- os principais povos que acabaram dominando os acadianos foram os amoritas que impuseram sua autoridade a partir da cidade principal a Babilônia;
- o chefe que unificou as cidades nessa época foi Hamurabi, que se tronou o primeiro rei da Babilônia;
- a Babilônia se tornou um dos principais centros urbanos e econômico da Antiguidade;
- Hamurabi ficou conhecido pelo seu código de leis – O Código de Hamurabi – seu princípio era “olho por olho, dente por dente” e decorria da Lei de Talião que preconizava punições idênticas ao delito cometido;
- Hamurabi empreendeu uma grande reforma religiosa transformando o Deus Marduk no principal Deus mesopotâmico, a esse Deus foi levantado um zigurate – a Babel – citado pelo livro do Gênesis (Bíblia) como uma torre pra chegar aos céus;
- após a morte de Hamurabi vem a decadência, propiciando a ascensão dos Assírios.

OS ASSÍRIOS (1300 a.C. a 612 a.C.)

- fixaram no norte da Mesopotâmia fazendo da cidade de Assur – nome de sua capital e principal divindade;
- edificaram um forte estado militarizado, contando com cavalos, carros de guerra e aramas de ferro, foram conhecidos pela sua superioridade bélica;
- o predomínio social cabia a uma aristocracia sacerdotal e militar sujeitando toda a massa camponesa;
- ficaram famosos pelas crueldades que faziam com seus inimigos;
- os assírios forma responsáveis pela criação da biblioteca de Nínive.
- Após a morte de Assurbanipal o império cai em decadência sendo dominados pelos caldeus – povo que formou o II Império Babilônico;

O II IMPÉRIO BABILÔNICO

- formado pelos caldeus, povo de origem semita;
- fizeram da Babilônia, novamente, sua capital;
- durante o reinado de Nabucodonosor II viveu seu apogeu, época das construções públicas, templo do Deus Marduk, os Jardins Suspensos da Babilônia;
- o império foi expandido, dominando boa parte da Fenícia, Síria e Palestina, escravizaram os habitantes do reino de Judá que forma transferidos como escravos para a capital (Cativeiro da Babilônia);
- após a morte de Nabucodonosor o império entra em decadência sendo conquistado em 539 a.C. pelo rei Persa Ciro I.



OS HEBREUS

Localização
A Palestina era uma estreita faixa de terra banhada pelo rio Jordão e localizada a sudeste do atual Líbano.
A principal fonte de história antiga dos hebreus é a Billia, porém ela não relata fielmente os acontecimentos, pois sua preocupação volta-se muito mais para a unidade e identidade de um povo do que para a veracidade dos fatos narrados.
A Bíblia reflete a concepção mitológica dos hebreus. Como mito ela reflete o pensamento de um povo e como documento histórico ela permite acompanhar a evolução dos mitos e a concepção de mundo dos hebreus, fazendo referência a costumes e padrões de comportamento.
A Origem dos Hebreus
Segundo o Gênese, Abraão nasceu em Ur, cidade caldéia da Mesopotâmia, e recebeu do Senhor a ordem de abandonar seu povo e se estabelecer na terra de Canaã (terra prometida). Isso teria ocorrido por volta de 2000 a.C. e seus descendentes teriam se multiplicado e formado o povo israelita.
O mito explicativo da origem de um povo, a partir de um ancestral comum, é bastante desenvolvido em sociedades primitivas nômades e pastoris, como a dos primitivos hebreus.
Nesse estágio, os israelitas, portadores de uma economia nômade e pastoril, viviam em clãs (famílias extensas), compostos pelo patriarca, seus filhos, mulheres e servos. No seio de cada clã, o poder e o prestígio eram personificados pelo patriarca, e os laços interclânicos eram frouxos.
Teria sido Jacó, mais tarde chamado Israel, o chefe da ocupação da Palestina no século XVII a.C., para uns, ou no século XIV a.C., para outros. Nessa época, algumas tribos israelitas, junto com outros hebreus vitimados pela fome, partiram para o Egito, onde foram escravizados pelo Estado.
Por volta de 1350 a.C., liderados por Moisés, teriam se retirado do Egito. É nesse período do êxodo que os hebreus teriam formulado seu sistema religioso monoteísta.
Ao regressarem do Egito, encontraram suas terras ocupadas pelos cananeus e tiveram que lutar pela sua posse, já que haviam abandonado o nomadismo durante sua permanência no Egito. Essa conquista foi lenta, permitindo a miscigenação entre israelitas e cananeus, que falavam línguas semelhantes.
Durante esse período, os hebreus desenvolveram um sistema tribal, onde a propriedade privada dos bens de produção inexistia e os governantes eram ocasionais, principalmente em situações de guerra. Mais tarde, os filisteus se apoderaram da costa meridional da Palestina e durante quase um século os israelitas lutaram contra eles. Foi nessa época que se formou a monarquia hebraica.
Características da Monarquia Hebraica
A monarquia iniciou-se com Saul, mas foi seu sucessor, Davi, que conseguiu atrair as tribos do sul para seu reino. No reinado de Davi e mais tarde de Salomão, seu filho, a monarquia atinge seu apogeu, sem jamais poder ser comparada, entretanto, aos grandes impérios egípcio ou babilônico. A organização do Estado tornou-se mais complexa, e os antigos chefes de clãs, de gens e mesmo os chefes guerreiros transformaram-se na aristocracia, que enriquecia com o comércio de caravanas e com a apropriação das terras dos camponeses endividados.
As construções de grandes templos levavam ao aumento de impostos e de trabalhos excedentes que os camponeses deviam ao Estado, o que tornava cada vez mais difícil a vida das camadas populares. Por outro lado, a construção dos templos e a instauração de uma camada de sacerdotes, portadores de certos direitos ritualísticos inacessíveis ao povo, acabavam com os aspectos mais livres da religião, ritualizando-a e criando uma estreita dependência entre povo e poder político.
Por volta de 935 a.C., as dez tribos do norte revoltaram-se contra o rei Roboão, sucessor de Salomão, e formaram o reino independente de Israel, enquanto as duas tribos do sul formaram o reino de Judá.
O reino de Israel, enfraquecido pelas revoltas internas e pelas constantes guerras com Judá, foi dominado em 723 a.C. pelos assírios. O reino de Judá foi conquistado pelos caldeus, liderados por Nabucodonosor, em 586 a.C, e os judeus foram levados como escravos para a Babilônia
A Diáspora dos Judeus
Os judeus recobraram certa independência quando os persas, sob o comando de Ciro, conquistaram a Babi16nia. No ano de 333 a.C., Alexandre, o Grande, da Macedônia, dominou todo o Oriente Médio, mas aos poucos, depois de longas lutas, os judeus consolidaram sua independência.
Com a expansão do império romano, essa região passou a ser dominada por Roma. Mesmo dominados os judeus mantiveram uma autonomia relativa até o ano 70 de nossa era. Nesse ano, os romanos tentaram construir um templo para Júpiter, em Jerusalém, o que ocasionou a rebelião do povo judeu. O esmagamento dessa rebelião provocou sua fuga para diversas partes do mundo. A partir desse momento deixou de existir um Estado judeu até o ano de 1948. Essa dispersão os judeus pelo mundo é conhecida como diáspora.

A FENÍCIA
Fenícia, uma Região de Comerciantes
A Fenícia localizava-se na região ocupada atualmente pelo piano. A civilização fenícia foi notável por várias razões. Sua escrita, por exemplo, deu gruem ao alfabeto que usamos até hoje. Sua economia era baseada num comércio dinâmico, responsável pela expansão do artesanato, e um amplo sistema de navegação.
As fontes históricas que nos ajudam a reconstruir a história dos fenícios são a Bíblia, os historiadores gregos (Heródito, por exemplo) e as pesquisas arqueológicas. Na década de 1920 foram feitas importantes descobertas, tais como o túmulo do rei de Sídon e vasos de alabastro com o nome de Ramsés II, faraó egípcio.
Características dos Fenícios
A principal atividade econômica desenvolvida pelos fenícios foi o comércio. Exportavam pescado, vinhos, ouro, prata e armas; importavam tecidos e vestimentas da Mesopotâmia, marfim, essências aromáticas e pedras preciosas da Arábia; praticavam a pirataria e ainda desenvolviam, pelo Mediterrâneo, um intenso comércio de escravos.
As cidades fenícias eram cidades-Estados independentes umas das outras. As principais eram Tiro, Sidon e Biblos. A forma de governo era a monarquia aristocrática, pois ao lado do poder real estava o poder do Conselho, composto pelos grandes mercadores e armadores. Tanto nas metrópoles como nas colônias, a camada dirigente era formada por uma aristocracia mercantil, que sustentava a camada sacerdotal.
A Grande Contribuição dos Fenícios para a Civilização Ocidental
Os comerciantes fenícios eram hábeis em fazer contas, em medir e pesar mercadorias, e o que mais necessitavam era de um sistema de escrita que facilitasse a escrituração do seu comércio. Por volta do século XIX a.C., eles criaram um alfabeto de 22 letras. Esse alfabeto, com o acréscimo das vogais, foi utilizado pelos gregos e, mais tarde, pelos romanos.
O IMPÉRIO PERSA
Localização
Planalto do Irã na Àsia Central.
Origem
União do império dos medos e dos persas, a partir da conquista efetuada por Ciro, príncipe de uma tribo persa.
Apogeu
Reinado de Dario I, entre o final de sé. VI e o início do sév. V a.C.
A Decadência do Império
A tomada do estreito de Bósforo e Dadanelos no mar Negro pelas forças persas prejudicou o intenso comércio grego na região. O clima de tensão entre várias cidades gregas e o império persa transformou-se em longa guerra. Em 490 a.C. Dario tentou invadir a Grécia, mas foi derrotado pelos gregos na batalha de Maratona. Dario morreu e o poder passou à mãos de seu filho Xerxes, que continuou a luta contra a Grécia, sendo derrotado em 480 e 479 a.C. nas batalhas de Salamina e Platéia.


GRÉCIA

Localização – abrangia o sul da Península Balcânica (Grécia Continental), ilhas do Mar Egeu (Grécia Insular) e o litoral da Ásia Menor (Grécia Asiática).
- A partir do século VII a . C., o território da Grécia européia foi ampliado com a fundação de diversas colônias no Mediterrâneo Ocidental, principalmente no sul da Itália (Grécia Magna).
- Origem – ligada a história de Creta, que tinha uma privilegiada posição geográfica favorecendo o contato marítimo com o Egito, a Grécia e a Ásia Menor – desenvolvimento de grande comércio.
- desenvolvimento da civilização cretense – poder concentrado em mãos de uma elite comercial liderada por reis, descendentes do lendário Minos. A cidade de Cnossos era a capital do reino.
- Religião – adoravam a deusa mãe o que dava a mulheres algum direito.
- século XV a . C. invasão dos Aqueus – início da civilização creto-micênica.
Povoamento da Grécia
Primeiros povos – pelasgos ou pelágios depois a região sofreu invasões de povos indo-europeus.
Aqueus – fundaram Micenas – berço da civilização creto-micênica.
Eólios – ocuparam a Tessália.
Jônios – fixaram-se na Ática e fundaram Atenas
Dórios – povo essencialmente guerreiro responsáveis pela destruição da civilização micênica e conseqüente deslocamento de contingentes populacionais para diversas ilhas do Mar Egeu – 1ª Diáspora Grega.

Período – Pré-Homérico – (séc XX ao XII a. C.)
Período – Homérico – ( séc XII ao VIII a. C.)
Período Arcaico – ( séc VIII ao VI a. C.)
Período Clássico – ( séc V ao IV a. C.)
Período Helenístico – ( séc III ao II a. C.)

TEMPOS HOMÉRICOS - ( Séc XII ao VII a. C.)
- História contada através dos poemas Ilíada e Odisséia.
Ilíada – Conquista da cidade de Tróia pelos Aqueus
Odisséia – Aventuras do herói grego Odisseus em seu retorno após a guerra de Tróia.

Sociedade - Dividida em Genos – famílias, constituídas por um grande número de pessoas sob a liderança de um patriarca.
Período das comunidades gentílicas
Geno – unidade econômica, social, política e religiosa.
Economia rural e coletiva. – tudo que se produzia era dividido igualitariamente.
Pater – Autoridade máxima, juiz, chefe religioso, chefe militar, nos genos a hierarquia era definida pelo grau de parentesco com o pater.

Desintegração dos Genos – século VII a . C. – motivos:
Crescimento populacional, aumento de consumo, produção limitada, poucas terras férteis e técnicas de produção rudimentares.

- A luta pela sobrevivência gera guerra entre os genos, alguns se unem formando uma Fátria, da junção dessas forma-se a tribo.
- As tribos quando se unem formam o DEMO (povo, povoado)
A crise na sociedade gentílica alterou:
- a propriedade (terra) não era mais coletiva e foi dividida desigualmente pelo pater – originando classes entre os povos:
Eupátridas – (bem nascidos) – era os parentes mais próximos do pater a quem ele distribuía a melhor terra.
Georgóis – (agricultores) – eram parentes mais distantes e ganhavam terras menos férteis.
Thetas – (marginais) – ficaram sem ganhar nada.

A crise na comunidade gentílica ocasiona inúmeros conflitos gerando a segunda diáspora grega.
Migração para a região do Mediterrâneo Ocidental assim surgindo diversas colônias: Terento, Siracusa, todas no sul da Itália – Magna Grécia

A união de várias tribos deu origem a comunidades independentes – as Polis – ou Cidades Estados, que tinham como ponto central a Acrópole – era a parte mais alta da povoação que era governada por um conselho de Aristocratas, os eupátridas.

TEMPOS ARCAICOS - ( Séc VIII ao VI a. C.)

- Transformação na sociedade grega
- Saída de uma economia domestica para uma economia de mercado local.
- Aristocracia se enriquecia e houve um aumento das desigualdades sociais.
- Aos poucos a monarquia foi substituída pela oligarquia (governo de poucos).
- Formação de mais de 100 cidades-estados.
- Aumento das desigualdades sociais, aos poucos a monarquia passava para Oligarquia (governo de poucos)
- Formação de mais ou menos cem cidades-estados, ode temos como ícones:Esparta – oligárquica e Atenas - democrática

ESPARTA – localizada na Península do Peloponeso.
Estrutura Social
Espartanos ou Esparciatas – descendentes dos conquistadores dórios, únicos que tinham cidadania e direitos políticos – classe privilegiada, tinham o poder militar, político e religioso.
Periecos – habitantes dos arredores descendentes de populações nativas que se submeteram aos espartanos. Eram livres e se dedicavam ao artesanato e comércio.
Hilotas – servos pertencentes ao estado e prováveis descendentes das populações conquistadas pelos dórios.

A sociedade de Esparta sempre teve um caráter guerreiro e a solidificação veio com a conquista da região da Messênia – a grande quantidade de escravos e terras conquistados foram distribuídos aos espartanos que tinham tudo para seu sustento e agora poderiam se dedicar exclusivamente a vida militar.

Estrutura política
- Diarquia – dois reis com função religiosa e guerreira
- Eforato – tinha a função executiva – em número de 5
- Gerúsia – com 28 membros, com idade superior a 60 anos, tinha função de corte suprema e controlava as ações dos diarcas.
- Apela ou Assembléia popular – Formada por todos os cidadãos maiores de 30 anos, tinha a função de votar leis e escolher gerontes.
- Esparta manteve-se sempre oligárquica, todas as ações visava perpetuar a estrutura social existente.
- Educação rígida, intensamente dirigida para a obediência à autoridade e para aptidão física, fundamentais em um estado militarizado.

ATENAS – Situada ba Ática

Região de planícies férteis – Pedium
Regiões Montanhosas áridas – Diacria
Regiões Litorâneas – Paralia.
Fundada pelos Jônios.

Estrutura política:
Arcontado – composto por nove arcontes
Arconte Polemarco – poder militar e julgamento de estrangeiros.
Arconte Epônimo – poder religioso
Arconte Thesmothetas – poder judiciário sobre os Thetas e Georgóis.

Areópago – conselho composto por eupátridas com a função de regular a ação dos arcontes.

Em Atenas, no período pós-homérico – houve uma expansão grega (2ª diáspora) com grande impulso do comércio com outras cidades como: Corinto, Megara, etc.

Estrutura Social – dentro da sociedade ateniense havia grandes discordâncias com rivalidades e lutas, legisladores vão tentar melhorar a situação.
Drácon – organizou e registrou por escrito as leis mantendo todos os privilégios.
Sólon – eliminou as hipotecas, a escravidão por dívida, dividiu a população conforme a renda.
Criou a Bulé – conselho de participantes das tribos em uma quantidade de 400 pessoas.
Eclésia – assembléia popular que aprovava as mediadas da bule.
Helieu – tribunal de justiça aberto a todos os cidadãos.

OBS – Todas estas medidas não foram suficientes para desfazer o descontentamento social.

As reformas favoreceu o início de um período dominado pelos tiranos – ditadores que usurpavam o poder:
Psistrato – fez algumas obras públicas tentando melhorar a vida de Thetas e Georgóis.
Hiparco e Hipias eram filhos de Psistrato, não deram seguimento ao governo do pai e foram tirados do governo, através de uma revolta, por Clístenes.
Clístenes – finaliza a ditadura e inicia a democracia ateniense.
- redividiu Atenas em 10 tribos, neutralizando o poder dos eupátridas
- eliminou o papel político dos genos, tribos e fátrias.
- Bule passoua contar com 500 membros, 50 de cada tribo.
- Eclésia teve seus poderes ampliados podendo votar o OSTRACISMO – exílio por um período de 10 anos contra todos que colocassem em perigo a democracia ateniense.
- Da democracia ateniense participavam todos os cidadãos atenienses, adultos, filhos de pai e mãe ateniense. Ficavam de fora os estrangeiros (metecos), os escravos e as mulheres.
Clístenes – pai da democracia.

TEMPOS CLÁSSICOS - ( Séc V ao IV a. C.)

Guerras Médicas – enquanto Atenas fortalecia sua democracia, o império Persa, de Dario I, avança sobre cidades gregas da Ásia Éfeso, Mileto, etc.
- Atenas envia reforço para combater os persas o que não foi suficiente.
- Atenas chega a ser incendiada pelos persas.
- Confederação de Delos – união militar das polis gregas para enfrentar um inimigo comum – os Persas.
- Cada cidade grega deveria contribuir com navios e dinheiro o que seria concentrada na Ilha de Delos.
- Quase todas cidades gregas se aliaram a comando de Atenas, contra um inimigo comum – Os Persas.
- Os gregos ganham a guerra, libertam algumas províncias – vitória decisiva na batalha de Eurimedom em 468 a.C.
- A paz foi assinada em 449 a.C. – Paz de Cálias ou Címon.
- Os Persas se comprometeram a abandonar o Mar Egeu.
- Atenas aproveita sua liderança sobre as outras cidades para alcançar seu auge, considerada a Idade do Ouro de Atenas.
- A cidade seu melhor momento econômico, militar, político e cultural.
- Governo de Péricles – Atenas se torna a mais importante cidade grega – grandes reformas, aperfeiçoou a democracia permitindo o ingresso na política de grande parcela da população, anteriormente excluídas.
- Péricles embelezou e reconstruiu Atenas – destaque – Paternon.
- Péricles inicia uma política imperialista envolvendo as outras cidades gregas, o desenvolvimento e manutenção da democracia grega dependiam desta política – além do comércio intenso, Atenas também dependia dos tributos coletadas em outras polis.
- Atenas interferia na política interna das outras cidades o que ocasionou uma reação das outras polis.
- Para Atenas Péricles era democrático para outras cidades era imperialista.
- Esparta contrariada com tal situação alia-se a outras cidade, também contrariadas, e fundam a Confederação do Peloponeso,que tinha a liderança de Esparta.
- Formam-se então dois grupos rivais dentro da própria Grécia, faltava o estopim para o início da guerra.

- Atenas faz algumas restrições comerciais a Corinto, que participava da Liga do Peloponeso ao lado de Esparta, essa atitude foi o necessário para o início da guerra.
- Era o início da Guerra do Peloponeso, que durou 10 anos.
- De início Esparta tem vantagens mas a guerra foi muito desgastante para toda Grécia, os conflitos se estendiam sem que houvesse vitórias ou derrotas definitivas.
- 421 a.C. foi assinada a Paz de Nícias, a qual foi rompida por Atenas, as lutas se encerram definitivamente com a vitória espartana de Egos Potamos.
- Inicia-se um período de hegemonia espartana e declínio da democracia ateniense.
- Esparta cede seu domínio para Tebas que era uma grande potência militar.
- as guerras de gregos contra gregos facilitam o posterior domínio macedônico.

Cultura Grega

- cultura rica que influenciou todo o mundo ocidental.
- destaque: escultura, pintura, teatro, arquitetura, etc
- Religião politeísta – os deuses viviam no Olimpo – estavam sujeitos as mesmas paixões humanas.
Zeus – grande deus / Héstia – deusa dos lares / Deméter – deusa da terra
Hera – Esposa de deus / Poseidon – mar / hades – deus do inferno
Obs: quem fez o homem foi um Titã que se chamava prometeu.
Ares – guerra / Afrodite – amor / Apolo – adivinhação, luz e arte
Hermes – comércio / Atena - razão e paz / Dionísio – vinho

Hércules – herói que fez grandes trabalhos para o povo grego.

Teatro – acessível a toda população, era de grande importância na educação – dividida em tragédia e comédia.
Destaques: Ésquilo – criador da tragédia – Os Persas; Os sete contra Tebas; Prometeu acorrentado.
Sófocles – Édipo rei; Antígona; Electra.
Aristófanes escreveu comédias – As vespas, as nuvens, as rãs.
Eurípedes – Medeia, As Troianas.

- Na História os gregos foram os primeiros a tratar com espírito científico, separando lendas de fatos.
- Heródoto – pai da história / outros – Xenofonte e Tucídetes
- Poesia destaque – Ilíada e Odisséia
Filosofia – Os filósofos eram os “amigos da sabedoria”, tinham espírito crítico destruíram crenças, mitos e construíram teorias.
Filosofia - PHILO – Amor fraterno / SOFHIA – Sabedoria

Destaques:
Escola de Mileto – Tales de Mileto, Anaxímenes e Anaximandro – defendiam que tudo na natureza derivava e dependia de um elemento básico- a água.
Escola Pitagórica – fundada por Pitágoras – tudo no universo se transforma.
Escola Sofista – negava uma verdade absoluta destaque para Protágoras.
Escola Socrática – fundada por Sócrates – defendia que a reflexão e a virtude eram fundamentais na vida, continuou o pensamento com Platão e depois Aristóteles.

PERÍODO HELENÍSTICO

- Século III a.C. ao II a. C.
- Enquanto as cidades gregas estavam em decadência provocada pelas guerras internas (peloponeso), os macedônios estavam sempre se fortalecendo, e começavam a conquista de territórios vizinhos.
- No início o comando dos macedônicos estava nas mãos de Felipe, esse morre e comando passa para Alexandre, seu filho, que conquista a Ásia Menor, ORIENTE próximo, Egito e escolhe a Babilônia como sede de seu império.
- Alexander morre precocemente e seu reino é dividido entre 4 generais.
Ptolomeu – ficou com o Egito, Fenícia e Palestina.
Seleuco – Pérsia, Mesopotâmia e Síria.
Classandro – Macedônia
Lisímaco – Ásia Menor e Trácia.

- O fracionamento império de Alexandre possibilitou seu enfraquecimento e posterior conquista pelos romanos nos séculos II e I a.C.
- Culturalmente o resultado das campanhas de Alexandre foi a fusão da cultura grega com a cultura oriental, transformando em uma nova forma de expressão – o HELENISMO, que trouxe grande impulso a ciência..
Ptolomeu – defendeu a tese do sistema geocêntrico, na Geografia Erastótenes calculou a medida da circunferência da Terra.
- Na Matemática e Física destacaram-se: Euclides – bases da geometria / Arquimedes – descobriu os princípios básicos da Física.
- Na política retomou-se o despotismo oriental, foram sepultadas as liberdades e direitos da Democracia.

Na Filosofia:
Estoicismo – fundado por Zenão, propunha que a felicidade estava na obtenção, por meio da virtude, de um perfeito equilíbrio interior, capaz de permitir ao homem aceitar com a mesma serenidade a dor e o prazer, a ventura e o infortúnio.
Epicurismo – nome deriva de seu criador Epicuro, sustentava que a felicidade humana consistia apenas na busca e obtenção do prazer.
Ceticismo – fundado por Pirro, defendia que a felicidade consistia em não se julgar coisa alguma, pois as coisas parecem ser de tal ou qual maneira, mas não se saber como elas são realmente.

ROMA

ROMA: DA FUNDAÇÃO À REPÚBLICA
ROMA: DA COMUNIDADE À REPÚBLICA
Uma pequena aldeia de camponeses e pastores localizada às margens do rio Tibre na Itália transformou-se numa grande cidade. Esta cidade, dominada por povos como etruscos passou a dominar todos os povos da península itálica.
Organizou um sistema de governo que atendia os in cresses de grandes proprietários ávidos por mais riquezas. Esta avidez levou Roma a conquistar regiões fora da própria Itália, o que acabou transformando-a na capital de um vasto império.
PERIODIZAÇÃO
Os historiadores e pesquisadores convencionaram dividir a história de Roma da seguinte maneira:
• o período da Monarquia, que vai da fundação em 753 a.C. até o ano de 509 a.C.;
• o período da República, que vai de 509 a.C. até o ano de 27 a.C.;
• o período do Império, que vai de 27 a.C. até a queda do Império no ano de 476 depois de Cristo.

ORIGENS DE ROMA
O poeta romano Virgílio e o historiados Tito Lívio encarregaram-se de imortalizar a lenda que conta a fundação de Roma. Segundo esta lenda, Roma foi fundada por Rômulo. Mas quem teria sido este personagem? Sua origem, diz a lenda, re-monta à guerra de Tróia.
Enéias, descendente da deusa Vênus, havia sido um dos heróis da guerra de Tróia, mas foi obrigado a fugir depois da vitória dos gregos. Ele e seus companheiros chegaram à foz do rio Tibre, na Itália. Ali Enéias casou-se com Lavínea, filha do chefe de uma das tribos locais dos latinos. Depois do casamento, Enéias fundou uma cidade Muitos anos depois seus descendentes fundaram outra cidade, de nome Alba Longa.
Três séculos após, uma descendente dos reis de Alba Longa foi fecundada pelo deus Marte. Depois dos nove meses de gravidez, nasceram dois gêmeos chamados Rômulo e Remo. O rei de Alba Longa temia que esses heróis filhos de um deus quisessem tomar seu lugar e por isso mandou atirar os dois gêmeos no rio Tibre. Por um milagre, os dois salvaram-se e foram amamentados por uma loba que vivia nas margens do rio. Depois foram criados por um casal de pastores. Alguns anos mais tarde decidiram fundar uma cidade,e na disputa pela fundação e pelo governo dessa cidade Rômulo saiu-se vencedor e matou seu irmão.
Nascia assim a cidade de Roma, que lembra o nome de seu fundador. roma teria, portanto, uma
origem divina. Segundo a lenda, Roma foi fundada em 753 a.C. As descobertas arqueo16gicas provam que, por volta de 750 a.C., existiu realmente uma aldeia na região de Roma que possuía várias caba- nas de madeira e argila. Esta aldeia mantinha intenso contato com as regiões vizinhas, como o sul da Etrúria. A região era habitada pelos latinos, no monte Palatino, e pelos sabinos, no monte Quirinal. A união destas duas povoações, entre os anos 800 e 720 a.C., originou Roma.
O grande desenvolvimento alcançado por Roma deveu-se a várias razões entre as quais podemos citar a localização da cidade, na passagem dos caminhos que ligavam a Etrúria à Magna Grécia; em decorrência de sua localização, era um ponto de encontro de culturas diferentes que passavam pela região. Mas foi a partir da dominação etrusca que Roma destacou-se.
O PERÍODO DA MONARQUIA
A tradição histórica de Roma estabelece que a cidade foi governada por sete reis, sendo o primeiro Rômulo (até 717 a.C.). Estes reis eram eleitos pelo consenso dos mais velhos das tribos e acumulavam o cargo de sacerdotes.
A sociedade se baseava na gens, um grupo de pessoas com um antepassado comum; além de seus membros naturais, a gens abrigava outros membros que ficaram conhecidos como clientes. A família romana teve origem na gens, dirigida pelo páter-famílias, o elemento mais velho, que tinha autoridade sobre os filhos e os bens do grupo, inclusive os escravos. Aos poucos, a família romana tornou-se mais importante que a gens, pois os patres-famílias passaram a ocupar cargos importantes na direção da cidade.
A base política era a cúria, organização composta de toda a população, exceto os poucos escravos da época.
As famílias ricas iam dominando grande parte das propriedades e ocupando as funções mais importantes do governo. Seus membros eram os patrícios, descendentes dos patres-famílias. Os demais eram considerados plebeus (a plebe) eram pequenos proprietários, comerciantes ou artesãos; não tinham participação política.
Segundo a tradição, os três reis depois de Rômulo foram latinos ou sabinos: Numa Pompilio (717 a 673 a.C.); Túlio Hostilio e Anco Márcio foram os reis seguintes (672 a 616 a.C.).
OS REIS ETRUSCOS
A partir de 616 a.C., Roma passou a ser governada por reis etruscos. A anexação de Roma ao império etrusco fez com que essa cidade passasse a exercer forte hegemonia sobre a região do Lácio.
O primeiro rei etrusco a governar Roma foi T¿ccuínio Prisco (616 a 579 a.C.). Seu sucessor, Sérvio Túlio (578 a 535 a.C.), notabilizou-se pela reforma político-militar que executou. Através da reforma, os plebeus tiveram acesso ao serviço militar e à participação política. Para isto foi criada a Assembléia Centuriana, da qual participavam todos os soldados ao contrário da Assembléia Curiata, monop61io das tribos patrícias.
Tarquímo. o S (535 a 509 a.C.), sucedeu a Sérvio Túlio. Em seu governo, os patrícios foram mantidos à margem do poder político decisório da cidade. O rei etrusco era apoiado pelos plebeus inimigos dos patrícios. Por essa razão, os patrícios derrubaram-no, através de um golpe de Estado, em 509 a.C., e instituíram a república.
tn i'", i • O movimento dos patrícios que inaugurou a república em roma em 509 a.C. tinha por objetivo afastar a nobreza etrusca do poder. Os patrícios venceram os etruscos porque sua rebelião coincidiu com ulecadência do império etrusco. )
REPÚBLICA ROMANA (de 459 a.C. a 31 a.C.)
Com a decadência do império etrusco, os patrícios substituíram o governo monárquico por um governo oligárquico. Organizaram uma República de ricos proprietários, deixando as camadas pobres cada vez mais pobres e aumentando como nunca o número de escravos.
As Instituições Políticas da República
Após a derrubada monarquia, foi organizado o senado, que era composto por 300 membros, os mus velhos das c famílias importantes de Roma. O senado era um dos mais destacados órgãos da república e praticamente detinha todo o poder. Acumulava várias funções, entre as quais garantir a tradição romana e assessorar as magistraturas. O cargo de i senador era vitalício.
Além do senado existia a Assembléia Centuriata: esta Assembléia era composta por 19 centúrias (batalhões com mais ou menos 100 homens) e decidia sobre a guerra e a paz, além de indicar os magistrados.
Como na Grécia, os soldados romanos tinham que se armar com seus próprios recursos, o que gerava uma divisão dentro do exército, segundo um caráter de riqueza. Os mais ricos tinham o direito de mais votos na Assembléia, o que garantia aos patrícios a vit6ria de seus interesses.
Outro importante órgão da república romana era a magistratura, que combinava as funções dos poderes executi-vo e judiciário. Também aqui o poder pertencia aos patrícios, pois o consulado, posto mais importante das magistraturas, era ocupado por dois altos militares patrícios, eleitos pela Assembléia das Centúrias e detentores de amplos poderes militares e políticos. Em caso de maior gravidade, instituía-se o ditador, com poderes absolutos durante seis meses.
Uma importante magistratura era o tribunato da plebe, que surgiu no auge dos conflitos sociais entre patrícios e plebeus.
Os Conflitos Sociais
A sociedade romana dos primeiros tempos da república era dominada pelos patrícios, que detinham todos os cargos políticos. Os clientes eram protegidos pelos patrícios, em troca de prestação de serviços. Os plebeus eram pequenos camponeses e se dedicavam ao artesanato e ao comércio, mas não tinham direito de participação política nem podiam se casar com elementos do patriciado. Abaixo de todos eles vinham os escravos, que, com a república, foram se tornando mais numerosos.
No início do século V a.C., a plebe já havia crescido bastante e sua importância econômica aumentara. Os patrícios, então, aumentaram os impostos e exigiram maior participação no exército. Os camponeses eram obrigados a abandonar suas terras para se dedicar a esta atividade e, quando voltavam, tinham que pedir empréstimos aos patrícios; o não-pagamento das dívidas implicava a escravidão, como na Grécia.
Os plebeus passaram a fazer reivindicações aos patrícios, de forma pacífica ou violenta. Em 494 a.C. os plebeus se retiraram da cidade para o monte Aventino, recusando-se a defender Roma em caso de guerra. Os patrícios tiveram que fazer concessões e foi criado o Concilium Plelis (tribunato da plebe), uma nova magistratura com direito de veto nas decisões do senado - os tribunos, inicialmente em número de dois e mais tarde de dez, eram invioláveis (não podiam ser presos).
As diferenças e af reivindicações continuavam e, em 450 a.C., foi elaborada a lei das Doze Tábuas, que entre outras coisas proibia a escravidão por dívida. Em 445 a.C., pela lei de Canuleia, foi liberado o casamento entre patrícios e plebeus.
Depois disso os plebeus pressionaram ainda mais os patrícios e obtiveram importantes vit6rias:
• em 366 a.C., foi eleito o primeiro cônsul plebeu; ap6s cumprir um ano de mandato, o cônsul passava, automaticamente, a ser senador;
• em 300 a.C., os plebeus obtiveram o direito de ser sacerdotes, até então um privilégio dos patrícios.
A luta das camadas pobres de Roma foi dominada pelos setores mais ricos da plebe. O tribunato da plebe corrompeu-se e acabou se tornando um instrumento da aristocracia patrícia.
A EXPANSÃO PELA ITALIA E PELO MEDITERRÂNEO
Após a instauração da república, Roma tornou-se senhora de toda a península itálica. A situação de potência na Itália deflagrou um processo de expansão pelo Mediterrâneo que transformou Roma no maior império que a História conheceu.
A Luta pela Itália

A república romana nasceu cercada de perigosos inimigos. Os etruscos tentavam recuperar a cidade, e os latinos, aproveitando-se do enfraquecimento de Roma após a vitória sobre os etruscos, tentaram se libertar do domínio romano. No início do século V a.C., os romanos dominaram os rebeldes, consolidando sua posição no Lácio.
Mas as ameaças continuavam. Utilizando a diplomacia e a guerra simultaneamente, Roma conseguiu dominar seus inimigos, tornando-se senhora da região que a cercava.
Toda a Itália estava sob o domínio dos romanos, que iniciaram sua expansão pelo mar.
As Guerras Púnicas

Cartago, uma antiga colônia fenícia localizada no golfo da Tunísia, constítiu um poderoso império no Mediterrâneo; isso atrapalhava os planos expansionistas de Roma. Uma guerra entre as duas potências era inevitável. E uma luta entre os gregos do sul da Itália foi pretexto para essa guerra.
Assim iniciou-se a primeira guerra púnica (264 a 241 a.C.), da qual Roma saiu vitoriosa. Além de pagarem pesadas indenizações aos romanos, os cartagineses perderam as ilhas da Sicília, da C6rsega e da Sardenha.
Para compensar suas perdas, os cartagineses colonizaram as terras da Hispânia (Espanha), onde foi fundada a cidade de Nova Cartago, administrada pelo general Aníbal, que nutria profundo ódio pelos romanos. Em 219 a.C., Aníbal invadiu a cidade de Sagunto, localizada na Espanha, com a qual Roma mantinha relações comerciais. Começava a segunda guerra púnica (218 a 201 a.C.). Roma, comandada pelo general Cipião, depois de sangrentas batalhas, saiu-se vitoriosa mais uma vez.
Cartago perdeu todas as suas possessões e ficou somente com os territórios ao redor da cidade no continente africano. Além disso, teve que devolver os prisioneiros de guerra, entregar grande quantidade de escravos e dez mil talentos (moeda) de prata para Roma. Por exigência de Roma, Cartago só poderia ter 10 navios de combate e não poderia fazer guerra sem a permissão de Roma.
Para completar o domínio sobre Cartago, Roma, numa espécie de guerra preventiva, cercou a cidade e destruiu-a em 146 a.C. A maioria dos habitantes da cidade pereceu e os que sobreviveram foram escravizados e levados para Roma.
Era uma lógica implacável: para tornarem-se senhores do mundo, os romanos precisavam destruir todos os que, de uma forma ou de outra, questionavam o poderio da cidade de Roma.
AS TRANSFORMAÇÕES NA ROMA REPUBLICANA
Roma havia se transformado num império e já não podia ser governada como uma cidade-Estado. Ao mesmo tempo, as imensas riquezas trazidas pela conquista de novas terras eram rapidamente apropriadas pelos senadores e patrícios aristocratas, enquanto as camadas pobres ficavam cada vez mais pobres.
O recrutamento militar dos pequenos proprietários implicava, quase sempre, a perda de suas propriedades para os patrícios, que iam, desta forma, ampliando sua riqueza. As terras anexadas ao Estado romano através das conquistas, conhecidas como A ger Publicus, eram, inicialmente, cedidas aos camponeses, mediante o pagamento de taxas ao Estado. Mas o patriciado, etentor do poder político, foi-se apossando destas terras e aumentando seus domínios.
É importante ressaltar que o latifúndio romano não tinha as características dos latifúndios da América colonial no período moderno: as grandes propriedades na Antigüidade não eram contínuas, mas formadas por pedaços de terra em diferentes locais.
A conseqüência social e econômica mais importante da expansão romana foi a introdução maciça do trabalho escravo. Os prisioneiros de guerra eram transformados em escravos, o que liberava ainda mais os camponeses para o serviço militar, facilitando as conquistas, que traziam mais escravos: era, enfim, um 'círculo vicioso.
Os escravos exerciam as mais diversas atividades e estavam sujeitos a vários tipos de tratamento. Os que trabalhavam na agricultura e nas minas viviam em piores condições, estando sujeitos a castigos. Mais de 90% das atividades artesanais e comerciais de uma cidade como Roma eram exercidas por escravos. O quadro a seguir mostra o aumento vertiginoso do número de escravos na Itália.
O escravo era um indivíduo privado de sua liberdade, mas podia ganhar ou comprar sua alforria. Quando alforriado, adquiria os direitos de cidadania, o que não acontecia na Grécia

AS GUERRAS CIVIS

A confusa situação militar romana minou a república oligárquica dos patrícios. O despovoamento do campo, a proletarização e o empobrecimento do pequeno proprietário foram os fatores que levaram alguns políticos, como os irmãos Graco, a propor uma reforma agrária.
Os irmãos Graco
O nobre Tibério Graco pensava que, sem uma reforma, a república romana terminaria por desaparecer diante das revoltas populares. Em 133 a.C., candidatou-se a tribuno da plebe e, depois de eleito, iniciou um projeto de reforma agrária cujo princípio básico era transformar os proletários pobres urbanos em camponeses.
O senado reagiu violentamente a essa proposta, que foi vetada por outro tribuno. Tibério candidatou-se novamente, agora apoiado pelos pequenos proprietários, que faziam violentas manifestações nas ruas. Mas os senadores aliaram-se aos latifundiários e assassinaram Tibério Graco.
Outras reformas foram propostas, mas a mais radical foi a do tribuno Caio Graco, irmão de Tibério, eleito em 123 a.C. Ele também pretendia fazer uma reforma agrária, mas a partir de mudanças na pr6pria constituição da república.
Como Caio Graco não conseguiu que seu programa fosse aprovado, tentou impô-lo apoiado pelos seus partidários. Esta tentativa foi rechaçada pelos senadores e cidadãos ricos, com o apoio dos cavaleiros e de desocupados contratados pelos primeiros. Caio Graco foi assassinado por um escravo e suas medidas foram abolidas. Em 109 a.C. as terras ocupadas foram transformadas em propriedades privadas, aumentando ainda mais a riqueza e o poder da oligarquia.
Mário e Sila: a Individualização do Poder

As tentativas de reforma dos Graco fracassaram. A riqueza e as terras concentravam-se sempre em mãos dos patrícios. A violência era constantemente empregada pelo governo como arma política, o que gerou o aparecimento de chefes individuais que exerciam o poder de forma despótica. Esses líderes eram generais que se utilizavam de sua popularidade para permanecer em cargos de comando político. Este foi o caso de Mário e de Sila.
Um violento conflito entre diferentes facções sociais e políticas acabou desencadeando as chamadas guerras civis.
Basicamente, a luta se resumiu entre os partidários de Mário e de Sila, general que havia se destacado na luta contra o rei de Ponto (mar Negro).
Sila saiu-se vencedor na luta contra os partidários de Mário. Roma passou a ser dominada inteiramente por Sila, que governou como ditador. O poder do senador foi reforçado e o poder do tribuno da plebe foi reduzido.
Sila governou entre 82 e 79 a.C.
Os Problemas Decorrentes

Novos problemas afligiram o império a partir de 77 a.C.: na Espanha, partidários de Mário iniciaram uma revolta; no Oriente, o reino do Ponto rebelou-se novamente e uma rebelião de escravos ameaçava a cidade de Roma.
Neste contexto, Pompeu, partidário de Sila, foi indicado para lutar na Espanha, derrotando os simpatizantes do partido de Mário (popular) em 72 a.C. Os escravos foram reprimidos.
Os piratas que infestavam os mares, prejudicando o comércio marítimo, foram derrotados por Pompeu. Outras ' rebeliões e conflitos foram esmagados e controlados por dois generais que se tornaram bastante famosos: César e Pompeu.
O Primeiro Triunvirato
Quando Pompeu voltou para Roma, no ano 60 a.C., fez uma aliança política com César e Crasso. Este pacto ficou conhecido como Triunvirato, pelo qual os três dividiam o poder.
César foi eleito cônsul em 59 a.C. e tratou de aumentar seu prestígio político: distribuiu terras aos soldados e partiu para a Gália a fim de conquistá-la. O poder senatorial ia-se enfraquecendo à medida que aumentava a popularidade destes novos líderes, que sabiam manobrar as massas famintas das cidades.
Ao mesmo tempo, Pompeu era cada vez mais apoiado pelo senado romano. Com a morte de Crasso, em 53 a.C., a rivalidade entre os dois sobreviventes do Triunvirato aumentou, principalmente quando o senado tirou o poder de César sobre a Gália.
César não obedeceu às ordens do senado e, depois de dominar a Gália, invadiu com seus soldados a cidade de Roma. César era muito popular, o que lhe garantiu uma entrada triunfal na cidade.
A Ditadura de César

César foi proclamado ditador pelo povo e reeleito cônsul. Pompeu foi morto no Egito e os remanescentes de seu exército foram esmagados. César contava com o apoio dos homens novos, que receberam enorme quantidade de escravos após a conquista da Gália. Acumulou vários cargos, de ditador, cônsul, sumo pontífice, mas não aceitou o título de rei, pois sabia que precisava manter, aparentemente, as instituições republicanas.
César aumentou o número de membros do senado, com maioria de partidários seus; fundou colônias fora da Itália para atender os soldados; fez um projeto para estender a cidadania a todos os habitantes do império. Preocupava-se, também, em perpetuar esse tipo de poder. Assim, preparou seu sobrinho Otávio para substituí-lo.
Entretanto, a aristocracia não admitia perder seu poder e, em 44 a.C., César foi assassinado por um grupo de aristocratas liderados por Bruto e Cássio. Estes aristocratas esperavam, com a morte do líder-ditador, salvar a velha república patrícia; não percebiam que, há muito tempo, esta já estava ultrapassada e morta.
O Segundo Triunvirato
Marco Antônio, lugar-tenente de César, e Otávio, seu sobrinho, lutavam pelo direito de vingar a morte do ditador. Na verdade, disputavam o domínio da herança política deixada por ele.
Em 42 a.C. Bruto e Cássio tiveram seus exércitos derrotados na batalha de Filipos. O partido aristocrático republicano fora eliminado. Durante esta campanha, destacou-se um rico líder de nome Lépido, que, juntamente com Antônio e Otávio, formou o segundo Triunvirato da história de Roma: a Antônio coube o Oriente; Otávio ficou com províncias do Ocidente menos a Itália Lééido ficou com a Espanha e a África. Em 36 a.C. Otávio eliminou Lépido do Triunvirato, anexando às suas posses o norte da África, a Gália (que não tinha entrado no acordo) e a Itália.
Otávio dominava o Ocidente e Antônio, o Oriente. Em 31 a.C., Otávio cercou a frota de Antônio com sua marinha e derrotou as forças do oponente em Áccio, na Grécia. Antônio fugiu ara o Egito e aliou-se à rainha Cleópatra, mas mesmo assim foi derrotado, suicidando-se em companhia da famosa rainha. Otávio transformou-se em chefe único do Estado romano e iniciou a reconstrução do império, dilacerado por 100 anos de guerra civil.

A VITÓRIA DE OTÁVIO E SEU SIGNIFICADO

Com a ascensão de Otávio Augusto, como ficou conhecido, findava a velha república oligárquica patrícia. As camadas desfavorecidas do império se agruparam em torno desse líder contra uma pequena minoria de nobres, que não queriam abrir mão de seu poder. A vit6ria de Otávio significou, na verdade, a vitória do consenso das novas forças surgidas após a conquista do vasto império romano sobre as velhas instituições, que precisavam ser transformadas.

ROMA : O IMPÉRIO E SUA DEACADÊNCIA

ASCENSÃOE QUEDA DO GRANDE IMPÉRIO ROMANO

O sistema de governo inaugurado por Otávio Augusto ficou conhecido através dos séculos como o império romano. O apogeu desse sistema político bastante centralizado estendeu-se até o século III da era cristã.
Todo esse império tinha por base econômica o trabalho escravo. Isto eqüivale dizer que tudo o que se produzia e se consumia era, de uma forma ou de outra, oriundo do trabalho escravo. A partir do próprio século III o trabalho escravo foi, pouco a pouco, deixando de ser produtivo até entrar em profunda crise. Essa crise do trabalho escravo empurrou o império romano em direção ao colapso que o extinguiu no século V da era cristã.

OTÁVIO AUGUSTO E IMPÉRIO

No ano de 27 a.C. Otávio concentrou o poder em suas mãos. A centralização do poder nas mãos de um único governante é uma das características principais do sistema político conhecido como império. Nesse ano, ele recebeu o título de Augusto (sagrado) e foi reconhecido como Princeps Senatus (principal do senado); posteriormente, outros títulos lhe foram conferidos, como tribuno perpétuo da plebe e imperador (comandante supremo do exército). Otávio manteve na aparência as instituições republicanas, como o senado e as magistraturas, mas o poder efetivo estava nas mãos do imperador.
A política interna de Augusto foi caracterizada por uma série de medidas que aumentaram ainda mais sua popularidade:
• Distribuição de terras aos combatentes veteranos; estas terras eram, geralmente, tomadas dos pequenos agricultores das regiões conquistadas.
• Em 6 a.C. foi instituída uma aposentadoria em dinheiro para os combatentes veteranos; o dinheiro vinha de um tesouro criado para esse fim, com pequenas taxas das classes ricas.
• Reforma do exército, com a revogação do recrutamento obrigatório e a manutenção de forças permanentes de 300 mil soldados.
• Garantia da distribuição gratuita de trigo para a plebe urbana; o trigo vinha do Egito, anexado às posses pessoais do imperador.
• Início de grandes obras na cidade, não só para embelezá-la como também para melhorar as condições de vida da plebe urbana.
Externamente, esse período inaugurou o que os romanos chamavam de pax romana (paz romana). As províncias estavam pacificadas, diminuíram-se os encargos tributários sobre elas; seus governadores não podiam mais explorá-las diretamente e passaram a receber um salário fixo pelos seus serviços. Os impostos incidiam sobre a terra ou sobre os indivíduos particulares.
Os mares ficaram livres dos piratas e a navegação mercante ganhou melhor ritmo. Augusto criou um serviço postal ligando as províncias, o que facilitou a administração.
As fronteiras do império ficaram praticamente definidas: ao norte, os domínios romanos terminavam no rio Reno; ao sul, Otávio anexou à região do Danúbio a Récia, a Nórica e a Panônia; a fronteira oriental era o rio Eufrates.

OS SUCESSORES DE AUGUSTO: AS DINASTIAS

Três dinastias se sucederam no poder após a morte de Augusto e todas elas se saíram relativamente bem no regi-me instituído por esse imperador:
•A dinastia júlio-claudiana (14 a 68) teve quatro importantes imperadores: Tibério, que consolidou as fronteiras do império e manteve boas relações com o senado; Calígula, morto por um elemento da guarda pretoriana, o que indica que o sistema de sucessão elaborado por Augusto não era tão eficiente; Cláudio e Nero sucederam, nesta arde, o governo de Calígula, não havendo muitos elementos a destacar nas suas administrações.
• Com o suicídio de¿, iniciou-se um período de lutas pelo poder que terminou com a vitória de Vespasiano, comandante dos exércitos do Danúbio e do Oriente. Iniciava-se a segunda fase de prosperidade do império, com a dinastia flaviana (69 a 96). Vespasiano representava os homens de negócio, que queriam a ordem para negociar em paz; eliminou do senado os elementos de tendência aristocrática, reorganizou o exército e reprimiu os motins na Gália e no Oriente Médio. Tito e Domiciano, que governaram entre 81 e 96, deram continuidade à obra de Vespasiano; este último teve dificuldades com o senado, que tentou sublevações armadas, reprimidas pelo imperador. Domiciano morreu assassinado, pondo fim à dinastia flaviana.
•A dinastia dos antonios (96 a 192) caracterizou-se como um período em que os imperadores procuraram dar maior atenção às necessidades da comunidade em geral. Ao mesmo tempo, alguns
imperadores, como Trajano, aumentaram ainda mais os domínios do império, estendendo as fronteiras até a Armênia e a Mesopotâmia. Os sucessores de Trajano governaram, de modo geral, em clima de paz, como foi o caso de Adriano ou de Marco Aurélio, este conhecido como o imperador filósofo. No entanto, esse período de paz foi rompido com a ascensão de Cômodo, que reiniciou uma fase de governo pessoal e violento, até 192, quando foi assassinado.
CRISE E DECADÊNCIA DO IMPÉRIO ROMANO
Toda a riqueza e a grandeza do império romano haviam sido construídos graças à introdução maciça da mão-de-obra escrava. Os produtos necessários ao consumo da sociedade eram fruto do trabalho escravo, o que gerava uma grande disponibilidade de mão-de-obra guerreira, utilizada nas conquistas. Estas conquistas traziam novos escravos, dando condições para que os cidadãos se dedicassem às atividades guerreiras, culturais ou à ociosidade.
A falha desta estrutura estava em que o escravismo não possuía um mecanismo capaz de multiplicar os escravos numa escala constante; a fonte fundamental da mão-de-obra escrava era a guerra de conquista, pois a maioria dos escravos era prisioneiro de guerra.
No reinado de Trajano, o processo de conquista chegou ao fim, e, com ele, 'a fonte fornecedora de mão-de-obra escrava. O tráfico de escravos continuou, mas não atendia às necessidades da grande massa de cidadãos livres do império. O preço do escravo foi subindo, chegando no início do século III a ser 10 vezes maior que no período de Augusto.
Era preciso ter muito capital para empregar na compra de mão-de-obra. A produção agrícola encarecia, pois os romanos não desenvolveram técnicas para aumentar a produção sem ter que recorrer ao trabalho escravo. O escravismo estava de tal modo arraigado que invenções como o moinho de roda e a ceifadeira não eram nem sequer consideradas como importantes para aumentar a produção.
Também a manufatura, baseada na mão-de-obra escrava, não aumentava sua produção. A economia tendia à estagnação.
Politicamente, as lutas pelo poder levavam a uma situação caótica: 18 dos 20 imperadores que sucederam Alexandre Severo tiveram mortes violentas. O banditismo tornava conta da Gália e da Espanha, e os exércitos imperiais não conseguiam reprimir os grupos de bandidos.
O dinheiro romano começou a ser inflacionado e os preços dos cereais subiram 200%. Além disso tudo, a população do campo e das cidades diminuía, por causa de uma peste que se espalhou pela Europa romana.
Ao mesmo tempo, as tribos germânicas punham em perigo as províncias situadas nas margens dos rios Reno e Danúbio. Os godos e os vândalos começaram a invadir essas regiões. As tribos germânicas dos francos atacavam a Gália; ( as dos hérulos invadiam a Trácia e a Grécia; as dos alamanos ameaçavam a pr6pria Itália e no norte da África as provín- ' cias romanas também eram atacadas.
A agitação política interna e as invasões deixaram um rastro de epidemias que dizimavam as populações. As terras eram abandonadas, aumentando a escassez de alimentos. A sociedade romana parecia ir para o colapso entre 235 e 285.
Na religião, também se manifestava a crise. Uma nova seita, surgida do judaísmo, tornava-se mais e mais popular.
O CRISTIANISMO
O cristianismo surgiu de uma dessidência do judaísmo. Os seguidores de Jesus localizavam-se em parte da Palestina e da Ásia Menor. O cristianismo oferecia aos crentes a idéia de que havia identidade entre o universo e o destino do'. homem: a isto chama-se cosmovisão; oferecia também o fim do sofrimento da Terra, com a possibilidade de felicidade depois da morte. tinha muitos adeptos entre os escravos e nas camadas mais pobres.
As perseguições aos cristãos, bastante conhecidas na cultura ocidental, terminaram no reinado de Constantino. Em 313, o novo imperador legalizou esta religião, que foi se tornando mais e mais forte. Era o nascimento da igreja
Constantino aumentou o contingente d exército e criou uma força militar móvel ao longo das fronteiras. Estabeleceu
uma moeda mais estável e menos inflacionaria, aliviando, por algum tempo, as camadas mais pobres. Fundou uma nova cidade, no local da antiga Bizâncio; esta cidade recebeu o nome de Constantinopla. Para administrar o império, agora sediado' em Constantinopla, o imperador cercou-se de uma poderosa burocracia, formada por um grande número de cristãos. Doou grandes riquezas à nova Igreja, aumentando sua força política e econômica. Interveio nas lutas internas da Igreja, tentando controlar o movimento do arianismo (heresia que colocava Cristo entre o divino e o humano).
Apesar de todas estas transformações, permanecia uma contradição: o império romano tinha muitos gastos nas áreas militar, política, burocrática e religiosa (superestrutura), enquanto a base da economia, isto é, a produção com base no trabalho escravo (infra-estrutura), encaminhava-se para o fim.
O FIM DO IMPÉRIO ROMANO
As medidas tomadas por Diocleciano, Constantino e seus sucessores não resolveram o problema básico do império. Nas cidades não havia segurança nem condições estáveis de vida, pois faltava dinheiro para administrá-las e mantê-las. As pessoas começaram a deixar as cidades e ir para o campo, onde se colocavam sob a proteção de algum grande proprietário em troca de trabalho.
Mas foi no campo que a crise se fez sentir com mais força: os proprietários não sustentavam mais seus escravos, deixando-os instalar-se em pequenos lotes a fim de produzirem para sua subsistência. Em troca, os escravos pagavam 50% do que produziam ao senhor. Também os camponeses livres e os pequenos proprietários seguiram esse caminho.
Surgia desta forma uma nova categoria de trabalhador no campo: o pequeno camponês vinculado à propriedade de um senhor e que pagava em dinheiro ou espécie a esse senhor pelo uso da terra. Essa nova categoria de trabalhador era chamada coloni. Surgia assim o colonato.
Os escravos não eram mais considerados como mercadorias e formavam, juntamente com os coloni, uma nova categoria social, que não era escrava mas que também não era livre.
Aparentemente, estava surgindo uma solução para a crise. Mas o Estado, com seu aparelho militar e burocrático, a Igreja e as classes parasitárias consumiam as forças do império já bastante enfraquecido.
As constantes ameaças nas fronteiras do império, pelos hunos e bárbaros germânicos, aliadas às crises internas, levaram o imperador Teodósio a fazer uma aliança com os visigodos, o que só adiou o colapso final. Em 410 os visigodos invadiram a Itália; em 429, os vândalos ocuparam o norte da África, depois de percorrerem toda a Espanha. Finalmente,
em 476, Roma foi tomada por Odoacro, chefe dos militares bárbaros que estavam a serviço de Roma.
Os bárbaros desfecharam o golpe final num império que já estava condenado à morte. O Ocidente, mais vulnerável devido à crise de seu sistema de produção, perdeu o esplendor da urbanização do período clássico romano, dando lugar a uma série de reinos bárbaros. O Oriente, cuja economia não estava baseada no trabalho escravo, continuou a brilhar, sendo a capital e o centro urbano do mundo.
VIDA E CULTURA NA ROMA ANTIGA

A cultura romana foi, de certa forma, uma continuação da cultura grega, pelo menos até o período do império, quando distanciou-se do helenismo. Também como na Grécia, o brilho da cultura romana só foi possível graças ao trabalho escravo, que deixava aos cidadãos tempo livre para a criação cultural.
A cultura romana nos seus primórdios está ligada aos etruscos. A língua latina tornou-se escrita sob a dominação dos etruscos, e a arte romana tinha, até o período das conquistas, fortes características etruscas.

A Religião dos Romanos

Inicialmente, a religião de Roma era ligada a festas agrícolas e comemorações militares. Pouco a pouco, foi-se tornando mais complexa, com o aparecimento de deuses como Júpiter, guardião da civilização do Lácio e do Estado romano, e Marte, que representava as região belicosas do Lácio, das florestas e montanhas.
Com as conquistas, os plebeus se tornaram mais numerosos e importantes, e suas atividades comerciais e artesanais exigiam deuses mais dinâmicos, originando novas divindades: Hércules, protetor do comércio, e Minerva, protetora das artes e da sabedoria.
O SIGNIFICADO A ROMA ANTIGA
Podemos dizer que os romanos, juntamente com os gregos, atingiram um dos mais elevados níveis de desenvolvimento cultural de toda a Antigüidade, com fortes repercussões até os nossos dias.
As instituições romanas, suas leis, a vida dos cidadãos, o perfeito funcionamento da administração, as conquistas e a arte são apenas alguns exemplos de um grau de desenvolvimento jamais visto na Hist6ria.
Mas o grande desenvolvimento romano se fez à custa de um tipo de trabalho bastante degradante e pouco avançado, pois, de modo geral, o escravismo impedia o desenvolvimento de novas formas de trabalho e de novas técnicas. Esta aparente contradição será rompida na Idade Média, com o aparecimento de novas formas de trabalho.


A INFLUÊNCIA GREGA NA CULTURA ROMANA
Depois das guerras de conquistas, a sociedade romana passou a ter verdadeiro fascínio pela cultura grega. Foram feitas traduções de obras de Homero para o latim, e o teatro tornou-se um dos maiores divertimentos dos romanos, sendo muito apreciadas as obras de Plauto. A história romana recebeu um tratamento mais sistemático com o grego Polibio. Na pintura, os murais receberam forte influência grega.
A partir da instauração do império de Otávio Augusto, a cultura foi abandonando suas características helenísticas e adquirindo um caráter mais romanizado. Neste período houve um
verdadeiro surto de construções arquitetônicas e de embelezamento urbano, que tomou conta de quase todas as províncias. Foi por esta época que os romanos criaram o arco na arquitetura; alguns exemplos deste tipo de construção são o Coliseu, os aquedutos romanos, os famosos arcos do triunfo e o esplêndido Pantenon. A escultura romana relatava os feitos dos generais e imperadores com um movi-
mento que lembra o do cinema.
Os romanos apreciavam as lutas entre gladiadores, travada nos circos. Também apreciavam as corridas de bigas (carros de guerra puxados por dois cavalos) e os combates de feras, além do teatro, que já mencionamos.
Os banhos públicos romanos eram ponto de encontro onde se tratava de tudo, desde política até negócios e encontros.
A literatura romana, como a arquitetura, teve seu apogeu no reinado de Augusto, conhecido como século do ouro para a cultura romana. Tanto a Ìiteratua quanto a poesia eram formas de propaganda do Estado romano e do imperador; os autores viviam à custa do Estado, que, através de Mecenas (amigo de Augusto), pagava os melhores poetas e escritores; esta a origem das expressões mecenas e mecenato como uma relação de proteção a promoção de artes.
Horácio (85 a 8 a.C.) e Virgílio (70 a 19 a.C.) destacaram-se na poesia. A obra mais famosa dessa época é a Eneida, de Virgílio, que mostra o papel de Roma e Augusto na história
do mundo: começa com a chegada de Enéias (daí Eneida) e vai até o momento em que a cidade tornou-se senhora do mundo.
Na História, Roma produziu Tito Lívio, que, em sua obra História de Roma (142 volumes), declara: “...sentir-me-ei feliz por ter contribuído com esta história, para lembrar os altos feitos do primeiro povo do mundo”.

Um comentário:

vittus gimenez disse...

Muiito bom, me ajudou muito para estudar em tudo agradeço a voces e continuem melhorando.