sexta-feira

HISTÓRIA REGIONAL

A COLONIZAÇÃO DE MATO GROSSO DO SUL

· FORMAÇÃO DA POPULAÇÃO
· A GERRA DO PARAGUAI
· COMPANHIA MATE LARANJEIRA
· MOVIMENTO DIVISIONISTA
· DIVISÃO DO ESTADO

O Povoamento

No séc. XVI, passaram por aqui os espanhóis. Forma os primeiros exploradores. Mais tarde já no séc.XVIII, vieram os bandeirantes paulistas em busca de índios e ouro. Vieram também os criadores de gado de Minas Gerais no início do séc. XIX, com isso apareceram muitas fazendas, vilas e alguns povoados.
Em 1882, tivemos a primeira grande empresa do estado, Chamada Mate Laranjeira, que fazia a exploração de erva-mate, planta nativa da região
Foi no início do século XX que o sul de Mato Grosso, futuro Estado de Mato Grosso do Sul, atingiu efetivamente um período de equilíbrio e desenvolvimento.
Em 1914, o Estado de Mato Grosso foi beneficiado com a implantação da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, facilitando uma importante relação comercial com o Estado de São Paulo.
Em conseqüência surgiram, ao longo da ferrovia , novas vilas e cidades: Três Lagoas, Água Clara, Ribas do Rio Pardo, Porto Esperança e Sidrolândia. Com a ferrovia, a cidade de Campo Grande tornou-se o centro econômico do Centro-Oeste brasileiro.
A implantação da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (linha Bauru-Corumbá) foi a principal responsável por uma corrente de povoamento no início do século.( Atualmente privatizada com o nome de NOVOESTE)
A idéia de divisão do Estado era antiga; desde o século XIX já havia a preocupação com os grandes espaços vazios em Mato Grosso. O sul foi crescendo muito, principalmente pela pecuária e agricultura. A pecuária foi desenvolvida na região do pantanal e a agricultura teve grande impulso com a criação da Colônia Agrícola Nacional de Dourados.
Ao Norte predominavam grandes extensões de terras não ocupadas; ao sul, predominava uma região bem mais povoada e uma área apropriada para a agricultura. A população do sul era totalmente influenciada pela corrente migratória que vinha de São Paulo, Minas gerais, Paraná e, posteriormente, do Rio Grande do Sul.
Os problemas acentuavam-se à medida que o governo, centralizado em Cuiabá , desconhecia as dificuldades do sul. Assim, Mato Grosso apresentava diferenças geográficas, sociais e econômicas entre o norte e o sul.
A Colonização
1. Espanhóis em busca de ouro encontra grande resistência indígena, articulam as missões do itatim
2. Os bandeirantes – Partiram de São Paulo em busca de mão-de-obra indígena e ouro no fim do século XVI
3. Paulistas descobrem ouro nas minas de Cuiabá 1750
4. Os Portugueses constróem fortificações XVII, para assegurar o domínio das terras
a) 1775 forte de Coimbra
b) 1778 Presidio de Albuquerque ( mais tarde Corumbá )
c) 1778 Presidio Ladário
d) 1778 Presidio de Miranda
5. Outros colaboradores para formação do povo Sul mato-grossense foram os negros chegaram para ajudar os bandeirantes.

O sonho era encontrar grandes jazidas de ouro, um número considerado de sertanistas desbravou o interior do Brasil. Como já sabemos, os paulistas que saíam a caça de índios terminaram por se destacar-se.
Tiveram contato com a região hoje pertencente ao MT e MS que,até então, era desconhecida para os portugueses.afinal de acordo com o Tratado de Tordesilhas essa região pertencia a Espanha.
Foi procurando índios que, e, 1718, o bandeirantes paulistas Pascoal Moreira Cabral encontrou ouro às margens do rio Coxipó Mirim, na região que mas tarde viria a ser MT.
O bandeirante comunicou a descoberta ao governador de SP. A notícia propagou-se. E assim tiveram início as monções, expedições que entrariam pelo sertão acompanhado os cursos dos rios.
A possibilidade de enriquecimento fácil,proporcionada pela exploração do ouro de aluvião,atraiu a população de outras regiões da colônia. No local da descoberta do ouro surgiu o arraial Forquilha, atual cidade de Cuiabá.
Para chegar a Cuiabá as expedições saiam de Porto Feliz,em São Paulo. A fase de maior desenvolvimento das monções ocorreu no século XVIII. As viagens demoravam de quatro a seis a meses. O percurso era muito difícil e osmonçoeiros enfrentavam fome,ataque de índios e doenças.
A atividade mineradora, nestes lugares não fixava o homem a terra. A população estava sempre disposta a deslocar-se para outros núcleos de mineração,de acordo com seus interesses, isto porque o ouro de Cuiabá se esgotou rapidamente e a população buscava novos sítios. O segundo ciclo aconteceu com a descoberta de ouro em Rondônia, na região de Guaporé.
A fim de garantir a posse das riquezas minerais da região, o rei D. João VI criou a Capitania de Mato Grosso em 1748. A capitania teve Antonio Pereira Rolim como primeiro governador. Em conseqüência da mineração, consolidou-se a presença portuguesa na região.

A DESCOBERTA DO TERRÍTÓRIO
(SÉCULOS XVI E XVII)


Após a vinda de Pedro Álvares Cabral ao Brasil, Portugal incentivou o reconhecimento e a defesa do litoral brasileiro; assim, fixaram-se nele numerosos portugueses, que, provocados pela curiosidade do desconhecido e pelas notícias de riquezas, iniciaram a penetração no interior, estabelecendo algumas rotas; partindo de SP, conduzia a Assunção do Paraguai e, daí ao Peru, já célebre pelas suas minas,de localização indefinida.
Há notícias de que o primeiro a realizar esta rota foi Aleixo Garcia, que partindo do litoral (de São Vicente ou de Santa Catarina) em 1524, se dirigiu às minas do Peru, depois de atravessar a serra de Maracaju, descer o rio Miranda e, pelo rio Paraguai, alcançar Assunção.
Por volta de 1532, os portugueses Pero Lobo e Francisco Chaves, autorizados por Martim Afonso de Souza, teriam rumado através do extremo sul de mato Grosso, para Assunção, de onde não retornaram.
Os Espanhóis por sua vez, também começaram o reconhecimento de seu território, na sua terceira viagem, e, 1548, Colombo atingira a Venezuela, em 1520, Fernão Cortes já conquistara o México, as expedições para o Peru já começavam em 1526, a cidade de Lima era fundada em 1535, o vice-reino do Peru já existia em 1543, no sul, João Dias de Solis, já explorara a foz do rio do Prata., em 1515.
Preocupada com a expansão portuguesa a coroa espanhola ofereceu as terras platinas a Pedro de Mendoza¸ que chegou ao estuário do Prata em 1536 e fundou Buenos Aires, abandonada cinco anos depois e fundada novamente em 1580. em 1536 João Ayolas subiu o Paraguai, quando seu auxiliar João Salasar de Espinosa fundou, e, 15 de agosto de 1537, a cidade de Assunção,que passaria,dois anos depois, a capital das terras espanholas do sul.
Ø 1538 – Domingos Martinez Irala funda a colônia de Maracaju, a uma légua da margem direita do rio Paraná.
Ø Álvaro Nunes Cabeça de Vaca assumiu o governo de Assunção, em 1542 e depois de ter subido no ano seguinte o Paraguai até a foz do rio Miranda, atravessou parte do pantanal (conhecido por Mar do Xaraés)
Ø Irala sucedeu Cabeça de Vaca, explorou o rio Iguatemi, o Paraná e a Serra de Maracaju, ao sul e deu proteção,contra os portugueses do litoral aos índios da Região do Guairá.
Ø 1534,o governo português inicia o sistema de capitanias hereditárias.
Ø 1549 – o Governo Geral é criado e chega ao Brasil, seu primeiro governador – Tomé de Souza.
Ø 1554 – fundação da cidade de São Paulo.
Ø 1576 – assume o governo de Assunção, João de Guaraí – o mesmo manda Rui Dias Melgarejo fundar,no mesmo ano, a Vilas do Espírito Santo, na região de Guairá,a direita do rio Paraná.
Ø 1580 – Melgarejo enviado por João de Guaraí , teria fundado, ás margens do rio Mboteteí (atual Miranda),a povoação de Santiago de Xerez que era uma forma de assegurar a posse das terras, na região do atual estado do Mato Grosso do Sul. Os índios Guató e Guaicuru se opuseram a construção da cidade e impediram que ela prosperasse .
Ø Em 1593, Santiago de Xerez foi transferida para as margens do rio Ivinhema. Em 1596 foi novamente transferida para as margens do rio Aquidauana , onde resistiu a oposição indígena até 1632,quando foi destruída por uma aliança entre várias tribos. Hoje perto da cidade de Aquidauana estão as ruínas de Santiago de Xerez. Ela foi a primeira cidade da região que , mais tarde, seria a Capitania do Mato Grosso. E Também foi ponto de apoio dos bandeirantes paulistas que descobriram ouro na região de Cuiabá.
Ø 1580 – União Ibérica as divergências entre espanhóis e portugueses diminuem.
Ø 1609 – Conseqüente a obra dos jesuítas surge a Província Jesuítica do Paraguai.

Ø 1628 – expedições tipo Bandeiras cruzam a linha de Tordesilhas (Antonio Raposo Tavares) tomando o rumo de Guairá.
Ø 1640 – Restauração da coroa portuguesa
Ø 1674 – Fernão Diaz Paz invade o sertão de Minas Gerais, em busca de esmeraldas e no ano seguinte a vila de Maracaju é destruída por Francisco Pedro Xavier.
Ø O fato é que por Mato Grosso do Sul passaram numerosas Bandeiras, em direção ao norte, ao Paraguai e ao Peru, na segunda metade do século XVII, as regiões do Iguatemi, do Ivinhema, a serra do Maracaju e a Vacaria, eram bem conhecidos dos bandeirantes principalmente nas rotas fluviais.

A CAPITANIA DO MATO GROSSO

Ø Rota de Vacaria – 1718, Antonio Pires de Campos desce o Tiete (antigo Anhembi) ate o Rio Grande (atual Paraná) por este chegou ao Rio Pardo alcançando a Serra do Maracaju.
Alcançam o córrego do Viradouro e assim chegam ao Aquidauana, chegando por este até o Miranda, alcançando o Paraguai que os levou até o rio Cuiabá, este último trecho foi dentro da terra dos Caxiponés (Cuiabá)
Ø 08 abril de 1719, nasce o Arraial Forquilha, origem das cidade de Cuiabá.
Ø Rota Camapuã -1719 os irmãos Lemes chegam a um lugar denominado Camapuã, descobrindo uma nova rota para Cuiabá.
Ø Neste local os irmãos Lemes fizeram uma parada preparando o lugar para agricultura e em 1719, nasce o primeiro núcleo de Mato Grosso do Sul a Fazenda Camapuã, com a fixação dos primeiros elementos brancos..
Ø 1748 – criação da Capitania de Mato Grosso e teve como primeiro governador Antonio Rolim de Moura Tavares - a Capitania foi fundada com base na prosperidade que a descoberta do ouro trouxe, a sede do governo foi fixada na Vila Bela Santíssima Trindade de mato Grosso, fundada em 1752.
Ø Como tudo acontecia por causa do ouro fácil do Cuiabá, ninguém se preocupava em se fixar no sul do território, que hoje é o Mato Grosso do Sul, servindo-se dele apenas como caminho para as minas.
Ø Os governadores da nova Capitania se voltaram para a conquista do norte e do oeste (onde os espanhóis ameaçavam); as terras do sul eram, inicialmente, vigiadas pela Capitania de São Paulo.

Governadores da nova Capitania

1. Antonio Rolim de Moura Tavares -1751 / 1764
2. João Pedro da Câmara - 1765 / 1768
3. Luiz Pinto de Sousa Coutinho – 1769 / 1772
4. Luiz Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres – 1772 / 1789, que teve como objetivo garantir a posse dos territórios conquistados pelos portugueses,para tanto fundou o Forte Príncipe da Beira, na margem do rio Guaporé, em 1776, o Forte Coimbra,na margem direita do rio Paraguai, em 1775. Fundou também:
A Vila Maria de Portugal - 1778 – atual Cáceres.
A povoação de Nossa Senhora da Conceição – 1778 - Atual Corumbá
5. João Albuquerque de Melo pereira e Cáceres – 1789 / 1796
6. Caetano Pinto de Miranda Montenegro – 1796 / 1803,que fundou,em 1797, o presídio de Miranda
7. Manuel Carlos de Abreu Meneses – 1804 / 1825
8. João Carlos Augusto d’Oeynhausen Gravenbourg – 1807 / 1819
9. Francisco de Paula Magessi Tavares de Carvalho – 1819 / 1821, que transferiu a capital para Cuiabá, em 1820.



Povoação do Iguatemi
Ø As autoridades paulistas estavam preocupadas com as terras do sul da província, onde os espanhóis já estavam estabelecidos e organizados, era preciso povoar a parte portuguesa, o governo promoveu o reconhecimento dos sertões do rio Tabagi, no Paraná, e a ocupação das terras do Iguatemi, onde foi fundado um presídio em 1767.
Ø A colônia do Iguatemi foi o primeiro passo do governo para posse efetiva da região da fronteira do território que hoje constitui o MS, nele fixando o homem para explorar a terra; no interior, já havia feita a posse pelos irmãos Leme na fazenda Camapuã,desde 1719, por roceiros ao longo do Rio Pardo.
Ø Vale lembrar que, no correr do ano de 1750, foi assinado, entre Portugal e Espanha, o Tratado de Madri, que foi anulado em 1761, pelo Tratado de El Pardo, gerando guerra entre ambos, quando a Inglaterra se colocou a favor de Portugal e a França ao lado da Espanha; em fevereiro de 1777, estabeleceu-se a paz, entre portugueses e espanhóis na área.
Ø Tratados da época:
1661 – Tratado de Lisboa - A Espanha devolve pela primeira vez a Colônia do Sacramento para Portugal.
1713 – lº Tratado de Utrecht – Acerta as fronteiras entre Brasil e a Guiana Francesa, tendo como limite o Rio Oiapoque.
1715 – 2º Tratado de Utrecht – A Espanha devolve pela segunda vez Sacramento a Portugal.
1750 – Tratado de Madri – Deu aproximadamente a atual configuração territorial do Brasil, com exceção do Acre. Baseou-se no princípio do USI POSSIDETIS (a terra pertence a quem coloniza), exceção do Extremo sul onde Sacramento fica para a Espanha e os Sete Povos das Nações para Portugal.
1761 – Tratado de El Pardo – Anulou o Tratado de Madri, motivo – Guerra Guaranítica. – Portugal não queria entregar a Colônia de Sacramento e os índios não queriam ceder os Sete Povos.
1777 – Tratado de Santo Idelfonso – restabeleceu, em linhas gerais, o previsto no Tratado de Madri, através dele a Colônia de Sacramento e os Sete Povos das Missões passavam para Espanha e a ilha de Santa Catarina ficava com Portugal
1801 – Tratado de Badajós – Fixou os limites do Extremo sul – determinou que a Colônia do Sacramento passaria para Espanha – Portugal ficou com os Sete Povos das Missões e parte do Rio Grande.

Ø Primeiros Núcleos
Ø 1772 – assumia o governo Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, este viajou para Cuiabá por terra, através de Goiás significando que as Monções pelos rios sul-mato-grossenses já eram bastantes restritas, face a exaustão do ouro de Cuiabá; por essa razão, a fazenda Camapuã estava em decadência por falta de viajantes que nela se abastecessem,o General sabia que devia dar continuidade ao que governo anteriores haviam realizado – conter os espanhóis. A posse da terra já tinha sido feita ao longo do rio Guaporé, já havia uma população portuguesa que fazia roças, garimpo, bastava assegurar a posse ao longo do rio Paraguai, porque os espanhóis estavam subindo,devagar, o estratégico rio e já haviam instalado uma fortificação.
Ø Após alguns estudos verificou-se que o lugar conhecido com Fecho dos Morros era adequado para estabelecer um forte a fim de vigiar os espanhóis, combater os índios canoeiros, que tinham seus aldeamentos naquelas proximidades, rio abaixo, e impedir a comunicação pelo rio, dos espanhóis do sul com os da província de Chiquitos (Bolívia), passando a navegação, nesse trecho , a ser exclusiva dos portugueses.
Ø Luis de Albuquerque designou o Capitão Matias Ribeiro para levantar o Forte no Fecho dos Morros .
Ø O Fecho dos Morros estava, na verdade, cerca de 40 léguas abaixo daquele lugar, mesmo assim ali se levantou, sem protestos e em silêncio, o Forte Coimbra, é importante é que se passava a ocupar a margem direita do rio Paraguai – o governador mandou também erguer o povoado de Albuquerque, também a margem direita, para assegurar melhor o domínio daquelas terras e servir de apoio ao Forte e aos navegantes que passavam a subir por ali, em monções vindas de São Paulo para Cuiabá, embora de freqüência diminuta, porque já havia sido aberta, em 1736/37, a estrada de terra até Goiás.
Ø Os espanhóis em resposta a construção do Forte Coimbra construíram, em 1792, a margem direita rio Paraguai, porque haviam percebido claramente a disposição dos portugueses de descê-lo fazendo posse pela margem direita; e precavidos, já haviam levantado Forte São José, a margem do rio Apa,.
Ø O Presídio de Miranda
Ø 1797 – o governador Caetano Pinto de Miranda Montenegro fundou em o presídio de Miranda, às margens do Rio Mondego (que passaria a chamar-se , daí em diante de Miranda)
Ø Toda região era desconhecida e logo após a construção da fortificação os soldados que ocuparam a mesma, começaram a percorrer o local para cumprir a missão de proteger a terra diante as presenças dos espanhóis.
Ø Dava-se atenção ao largo trato de terras do baixio que, no sentido leste-oeste, se desenvolvia desde a serra de Maracaju até o rio Paraguai e no sentido norte-sul desde o rio Miranda até o Rio Apa, para o leste, subiam a serra vigiando até o Canastrão e adentravam o Campo Grande, de sete a oito léguas de largura, sem encontrar-se nele um só arbusto.
Ø A reação espanhola foi feita em uma tentativa de invadir i Forte Coimbra, em 1801 – feita a incursão a comando de D. Lázaro Ribeira – governador da Província Espanhola. A guarnição do forte resistiu a comando do Tenente Coronel Ricardo Franco Almeida.
Ø Nesta mesma época a guarnição do presídio de Miranda apoiada pelos Guaicurus – comandada pelo tenente Francisco Rodrigues do Prado – atacou o Forte São José, arrasando-o.
Ø O Povoamento do Território
Ø As colônias espanholas tiveram sua independência em 1810 e logo foram transformadas em Repúblicas todas adotaram o princípio do USI POSSIDETIS ( a terra é de quem está ocupando) para saber as verdadeiras linhas de fronteira. Respeitando este princípio também para com os territórios portugueses a linha divisória deveria ser o Rio Apa, até onde iam as tropas do presídio de Miranda a até onde chegavam os barcos brasileiros na perseguição aos Paiaguais, de onde não voltavam para não invadir as terras espanholas.
Ø Com a independência do Brasil, em 07set1822, as Capitanias passaram a Províncias,a de Mato Grosso teve,até o inicio da Guerra do Paraguai,os seguintes presidentes:
- José Saturnino da Costa Pereira - 1825/1828
- Antonio Correia da Costa – 1831/1834
- Antonio Pedro de Alencastro – 1834/1836
- José Antonio Pimenta Bueno – 1836/1838
- Estevão Ribeiro de Resende – 1838/1840
- José da Silva Guimarães – 1840/1843
- Zeferino Pimentel Moreira – 1843/1844
- Ricardo José Gomes Jardim – 1844/1847
- João Crispiniano Soares – 1847/1848
- Joaquim José de Oliveira – 1848/1849
- João José da Costa Pimentel – 1849/1851
- Augusto Leverger – 1851/1857
- Joaquim Raimundo de Lamare – 1858/1859
- Antonio Pedro de Alencastro – 1859/1862
- Herculano de Sousa Ferreira Pena – 1862/1863
- Alexandre Manoel Albino de Carvalho – 1863/1865, cujo sucessor, Frederico Carneiro de Campos foi preso pelo governo paraguaio, em 1864, quando se dirigia a Cuiabá, para assumir.

Ø Expedição de d`Alincourt – 1826 – Foi uma viagem de inspeção determinada pelo primeiro governador as fronteiras do Guaporé, constatou o péssimo estado do presídio de Miranda ,constatou que a maioria das guarnições das fronteiras visitadas estavam em precárias condições de logística e pessoal.
Ø Expedição de Langsdorff – 1826 – Saiu de SP rumo a Cuiabá e também constatou as péssimas condições que estavam a proteção de nossas fronteiras, inclusive pela população civil que viviam em precárias condições.
Ø Primeiros povoamentos
Ø Na década de 1830, começou de fato o povoamento das terras que hoje constituem o MS, havia já moradores nos arredores do presídio de Miranda, no Forte Coimbra, nos dois povoados de Albuquerque,na fazenda Camapuã, no destacamento do Piquiri e no sertão dos Garcias, nele levantada a freguesia de Santana do Paranaíba. Homens do relevo de Cuiabá, após Rusga ( movimento ocorrido em Cuiabá,em 1834, em que foram atacados violentamente os portugueses) desceram para o sul e uns tantos se internaram no Pantanal, ao redor de Miranda, entre os Alves Ribeiro,que fundaram fazendas, das quais se destaca a Taboco situada no baixio, ao cair da serra de Maracaju.
Ø Algumas famílias de Santana do Paranaíba se aventuraram para outros sertões,entre elas, a de Antonio Gonçalves Barbosa, a dos Costa Lima, a dos Sousas e a dos Silva Pereira,
Ø Antonio Gonçalves Barbosa atirou-se no sertão adentro, rumo sul, ouvira por certo falar de Vacaria, de campos e águas excelentes, onde existia muito gado alçado (selvagem), fundou nesta área a fazenda Boa Vista (1839)
Ø Antonio José de Sousa funda a fazenda Água Fria, hoje município de Maracaju.
Ø Primeiros núcleos de povoamento no sul: Fazenda Camapuã (1719); Forte Coimbra (1775), Albuquerque (1778), Presídio de Miranda (1797) Piquiri (pós 1800), Sertão dos Garcias (1829), Vacaria (1839), Taboco (1840), Forquilha do Nioaque (1840), Vale do Taquarassu (1840), Água Fria (1844), Vale do Apa (1844), Bracinho (1848), Desbarrancado e outros (1848).

Ø A Guerra do Paraguai – tendo ficado independente em 1811, em meados do século XIX o Paraguai já era uma nação modernizada e autônoma,com uma economia voltada para o mercado interno.
Ø Enfrentava o Paraguai um grave problema a falta de saída para o mar. Para exportar seus produtos, o Paraguai usava o território argentino pagando altos impostos. Além disso,suas fronteiras com os países vizinhos não estavam totalmente definidas.
Ø Em 1862. Francisco Solano Lopez assumiu o governo do Paraguai e começou a preparar militarmente o país para transformá-lo numa potência. O objetivo era criar o “Grande Paraguai” e abrir a economia para o mercado externo. O Brasil também tem algum problema com outro pais vizinho o Uruguai e Solano Lopes se coloca a favor dos uruguaios,como represália mandou aprisionar o navio Marques de Olinda que navegava pelo rio Paraguai em direção ao MT. O episódio serviu de pretexto para que se iniciassem as hostilidades,em novembro de 1864.
Ø Em seguida as tropas paraguaias invadiram o sul do MT.Tomara o Forte Coimbra e a cidade de Corumbá. A invasão mostrou o erro do governo brasileiro em deixar uma região completamente isolada e sem comunicação,como era na época a região sul do MT.
Ø Lopez queria também tomar o RS para chegar a seu objetivo, as tropas paraguaias atravessaram o território da Argentina, país que até então mantinha uma política de neutralidade. A passagem do exército paraguaio obrigou –a a entrar no conflito. Em maio de 1865 o Brasil, Argentina e Urugaui firmaram um acordo a Tríplice Aliança. Os aliados comprometeram-se a lutar para derrotar Lopez. O Paraguai estava muito bem organizado e as tropas aliadas tiveram que se mobilizar convocando até escravos, enquanto isso o Paraguai tinha um exército preparado e profissional.
Ø A guerra acabou com as forças paraguaias, que lutou desesperadamente , até 1870. A última batalha foi a de Cerro Corá, onde Solano Lopez morreu e a resistência armada acabou.
Ø No final da guerra o Brasil recuperou o MT e a Argentina ocupou uma parte do território paraguaio. A navegação voltou a normalizar-se no rio Paraguai e o porto de Corumbá transformou-se no mais importante centro comercial de MT. Graças a ele, o sul de MT prosperou.
Ø A Reconstrução do Território
Ø Ao terminar a guerra, em 1870, a vilas de Corumbá, de Miranda estavam destruídas, intacta e em desenvolvimento somente Santana do Parnaíba.
Ø As origens de Corumbá remontam o Arraial Nossa Senhora de Albuquerque, fundado em 1778, em 1850, já na categoria de Vila foi transferida para onde se localiza nos dias de hoje, este novo núcleo foi arrasado pelas tropas paraguaias,sendo retomado em 1867, o município de Corumbá, extinto em 1869, foi restaurado em 1871, passando a cidade em 1871.
Ø Miranda tem suas raízes, no presídio de mesmo nome, em 1865 foi invadida e destruída pelos paraguaios em 1869 foi extinta sendo restaurada em 1871.
Ø Nioaque começou a desenvolver-se por volta de 1854, quando aí se estabeleceu um destacamento militar,em janeiro de 1865 e 1867 foi invadida, saqueada e incendiada pelas tropas paraguaias.
Ø Coxim tem suas origens no Arraial do Beliago, fundado a margem do rio Taquari, em 1729 ponto de apoio aos bandeirantes e monçõeiros na rota SP-Cuiabá. Em 1862, foi criado, no lugar, o Núcleo Colonial do Taquari, ocupado em 1865 por tropas paraguaias, em dezembro do mesmo ano chegou ao local a Expedição de Mato Grosso que permaneceu aí acampada até abril de 1866, e, 1872 foi criado o distrito de São José de Herculânea , subordinado a Corumbá.
Ø Com a ocupação do sertão dos Garcias, surgiu o arraial de Santana do Paranaíba, elevado a distrito em 1838, a vila em 1857, a juizado municipal em 1864.
Ø Governaram a província depois da Guerra do Paraguai: Francisco Antonio Raposo (1870/1871), Francisco José Cardoso Júnior (1871/1872), José Miranda da Silva Reis (1872/1875, Hermes Hernesto da Fonseca (1875/1878), João José Pedroso (1878/1879), Rufino Enéias Gustavo Galvão (1879/1881), José Maria de Alencastro (1881/1883), Barão de Botovi (1883/1884), Floriano Peixoto (1884/1885), Joaquim Galdino Pimentel (1885/1886), Álvaro Rodovalho Marcondes Reis (1886/1887), Francisco Rafael de Melo Rego (1887/1889), Antonio Herculano de Sousa bandeira (1889), Ernesto Augusto da Cunha Ramos ( 1889).
Ø Após proclamada a Republica, governava a província de MT o Coronel Cunha Matos que renunciou e foi aclamado governador o Gen Antonio Maria Coelho.
Ø Em 10dez1860, Antonio Maria foi exonerado entrando em seu lugar Frederico Sólon de Sampaio, em 1º de abril do mesmo ano, assumia no lugar do coronel Frederico, o coronel José da Silva Rondon, em cujo período ocorreram as novas eleições (28Mai), substitui-o o coronel João Nepomuceno de Medeiros Mallet.
Ø No dia 15 de agosto de 1891, era promulgada a Constituição estadual, quando foi eleito, indiretamente, o primeiro presidente do Estado, Manuel José Murtinho.
Ø Presidentes do Estado até a Revolução de 1930:
Ø Antonio Correia da Costa (1895/98), Antonio Cesário de Figueiredo (1898/99, completando o período anterior), Antonio Pedro Alves de Barros (1899/1903), Antonio Paes de Barros (1903/06), Pedro Leite Osório (1906/07, completando o período anterior), Generoso Ponce (1907/08), Pedro Celestino Correia da Costa (1908/11, completando o período anterior), Joaquim Augusto da Costa Marques (1911/1915) Caetano Manuel de Faria Albuquerque ( 1915/1916), Camilo Soares de Moura (1917 – interventor Federal), Cipriano da Costa Fereira ( 1917/1918 – interventor Federal), Francisco Aquino Correia (1918/22), Pedro Celestino Correia das Costa (1922/26), Mário Correia da Costa (1926/30), Aníbal Benício de Toledo (1930).
Ø A cidade de Aqudauana teve suas origens em 15Ago1892, onde alguns fazendeiros se reuniram a margem direita do rio e pretendiam comprar aquele lugar para erguer um patrimônio. No ano seguinte estabeleceram ali os sertanistas Major Teodoro Paes da Silva Rondon e o Coronel João Almeida Castro, que com outros começaram a construir os primeiros ranchos.
Ø A povoação cresceu rapidamente em 1856 era elevada a distrito e 1906 já era município e em 1910 Comarca.
População

O povoamento de Mato Grosso do Sul
Estudaremos o papel dos espanhóis, dos jesuítas, dos bandeirantes, das monções, do ciclo do gado, as conseqüências da Guerra do Paraguai e fixação do ex combatente.
Os Espanhóis ( 1515- 1600)
A presença dos espanhóis no sul de Mato Grosso, deu-se em extensão à conquista das terras da coroa espanhola na América Meridional.
Procuravam riquezas como o ouro, prata e pedras preciosas e para garantir a posse da terra e defender-se dos indígenas fundaram fortificações.
A procura de caminhos que chegassem aos Andes penetram no nosso Estado onde poucos permanecem.
Os Jesuítas ( 1588-1768)
No período em que se fizeram presentes na província do Paraguai trataram de organizar colégios para os filhos dos espanhóis e catequizar os indígenas. No trabalho missionário iniciaram as reduções de Itatin, localizada entre os rios Paraguai Mbotetei 9 Miranda) , Aquidauana e a terra de xerez ( hoje ao Sul do MS), no Paraguai.
Os Bandeirantes
Desde o início da colonização do Brasil os portugueses, utilizaram a força do braço indígena, com os bandeirantes ocorreu a expansão territorial e o confronto com os espanhóis e jesuítas.
Em meados de século XII a região compreendida entre os Rios Paraná, Paraguai e Apa não contava mais com qualquer indicio de posse espanhola, as reduções de Itatin e Guairá estavam aniquiladas e as terras da região passaram a integrar a região de São Paulo.
A região foi palmilhada pelos bandeirantes a procurar de silvícolas remanescentes para serem escravizados. O
bandeirante Pascoal Moreira Cabral, derrotado por indígenas por acaso descobriu as minas de ouro de Cuiabá, enquanto aguardava reforço de outro grupo de bandeirante, isso ocorreu em 1719.
A notícia do ouro transpôs os sertões e chegou ao litoral extinguindo o ciclo dos bandeirantes e iniciando o das Monções.

Monções

Em direção a Cuiabá- fazenda Camapuã – expedições que entrariam pelo sertão acompanhando os rios, elas partiam de Porto Feliz em São Paulo
Tratado em Madrid.
1750- Tratado de Madrid ( uso e posse)- demarca novos limites territoriais de Portugal e Espanha.
Posteriormente para garantir as novas fronteiras, o governo português fundou no séc XVIII os fortes de Coimbra, Príncipe da Beira, Iguatemi e o povoado de Albuquerque , mais tarde o povoado foi transferido e deu origem a atual cidade de Corumbá.

Ocupação
Os espanhóis usavam a região como passagem em busca do tesouro dos incas. O caminho do Peabiru era o melhor e mais conhecido pois ligava os Andes ao Atlântico.
Aleixo Garcia (português), em 1516, com 4 companheiros e dois mil índios saiu de SC e foi o 1º europeu a pisar em territórios do sul do MT. Seguiu até a região que depois seria Lambaré (Assunção) daí até a foz do Mbotetei (mondengo para os portugueses). Chegou ao Peru. No seu empreendimento fundou Forte de Itatin (mais tarde Forte Coimbra). Ao retornar com as riquezas dos incas morreu atacado pelos índios.
Sebastião Gaboto (espanhol) se desvia do Peabiru, sobre o Prata, o Paraná, onde funda o Forte Sancti Spiritus 1527, encontra o rio Paraguai, volta porque é atacado pelos índios.
Adelantados Expedições exploradoras desenvolvidas pelo governo espanhol. Destas expedições as mais importantes são:
a) Dom Pedro de Mendonza – Em 1535 foi a maior expedição espanhola a chegar a América do Sul. Fundação do Forte Nuestra Senora de Santa Maria de Buenos Aires. Não desenvolveu expedições por causa de constante guerras com os índios.
b) Juan Ayolas – subindo o Prata fundou Lambaré (Assunção) e também fundou o porto de Candelária (próximo a Corumbá).
c) Álvaro Nunes – Cabeza de Vaca.
d) Rui Dias Malgarejo – Fundou Santiago de Xerez nas margens do rio Aquidauana (Vacago) na Planície de Xaraé como era conhecido o Pantanal.
e) Domingos Irala – Lança bases para o povoamento em toda a região do Rio do Prata: passa a capital para Assuncion, funda a Colônia Maracaju. Promove o casamento de brancos e índios. Entrega as missões aos franciscanos, funda ferrarias e estaleiros bem como escolas.

Quando o rei de Portugal, criou em 1748 a capitania de Mato Grosso, a exploração do ouro já estava em decadência, seu primeiro governador foi Antônio Rolim de Moura.

SANTIAGO DE XEREZ

As expedições que percorriam a região tinham como objetivo fundamental a busca de metais nos andes. A região onde hoje é MS era local de passagem para portugueses e espanhóis, tanto para pear índios como para ir em busca do ouro.
No período de União Ibérica por volta de 1580 foi fundada Santiago de Xerez. Foi a 1ª cidade da região. Servia como um ponto de referência para quem viajava pelo região e ponto de reabastecimento. Fundada por Rui Dias Malagarejo na planície de Xaraé, duas léguas abaixo da atual Aquidauana. A cidade mudou por duas vezes por causa do ataque dos índios.
No final do séc. XVI possuía mais ou menos 4.500 habitantes dos quais 4 mil eram índios e 500 brancos. Na época o RJ tinha 3.850 hab. (250 brancos + índios e negros).
Foi destruída por Antônio Raposo Tavares, preador de índios de S. Paulo.

SÉCULO XVII

A partir de 1598 Hernando Arias de Seaveda (Hernandorias) as missões passam para o controle dos jesuítas. Nessa época os bandeirantes já começavam a atacar os índios para transformá-los em escravos.
As missões mais importantes que existiam na região e que foram destruídas pelos bandeirantes foram: A Missão de Guairá que foi destruída por Antônio Raposo Tavares. Os índios foram reunidos em Itatin e era delimitada pelo Apa e Taquari. Os jesuítas acabaram brigando com os espanhóis, pois eram contra os Encomenderos que queriam utilizar os índios e isso diminuiu a proteção; o que facilitou o trabalho de Antônio Raposo Tavares. As missões ficaram completamente arrasadas. Principalmente Santiago do Xerez que era o centro mais importante de missão Itatin.
Mesmo assim as bandeiras de caça aos índios, organizadas pelos paulistas tiveram muita importância, pois foram os principais responsáveis no processo da dilatação do território português além de Tordesilhas. Ao destruir as missões e com a decadência do valor dos índios como escravos alguns ficaram na região ocupando as terras e desenvolvendo principalmente a agricultura de subsistência. Numa viagem pelo rio Coxipó em busca de índios para as suas roças Pascoal Moreira Cabral descobre o ouro.
Começou, então, o ciclo do ouro onde os caminhos usados passaram a ser os rios que vinham de S. Paulo e se expandiam pelos afluentes do Paraná.

A ÉPOCA DO OURO

SÉCULO – XVIII

Foi o chamado século do ouro. Os paulistas seguiam o caminho das Monções e procuravam escapar dos Guaicurus e dos castelhanos.
Saíam de Porto Feliz – Tietê – Parana – Anhanduí Guaçú – Pardo – Camapuã (posto de reabastecimento, foi fundada pelos irmãos Leme, os primeiros a fazer a rota das Monções) – Coxim - Taquari – Paraguai – S. Lourenço – Rio Cuiabá. No caminho surgiram vários povoados como é o caso do Arraial do Beliago, atual Coxim, que foi fundado em 1729 para ser um posto de socorro médico avançado.
Foi Pascoal Moreira Cabral que em 1719 funda Cuiabá, cidade que surge com a mineração.
Há muitas histórias sobre a grande quantidade de ouro na região. Miguel Subtil pediu a um dos seus escravos índios para buscar mel e este lhe trouxe ouro.
A mineração foi muito importante pois é através dela que o governo português começa a garantir estas terras como parte de seu território. Esta posse se tornou legal em 1750 com o Tratado de Madri.

Indígenas de Mato Grosso do Sul
Apesar de toda dificuldade em sobreviver e resistindo aos avanços da modernidade, seis nações indígenas de Mato Grosso do Sul ainda mantém seus costumes, tradições e sua língua nativa. Os Kadiwéu, Guató, Terena, Ofayé, Caiuá e Guarani somam mais de 60 mil índios no território de Mato Grosso do Sul, colocando o estado como o segundo mais populoso do país, apesar de a Fundação Nacional de Saúde reconhecer apenar 45 mil indios aldeados.
Os indígenas que vivem nas periferias das cidades não são reconhecidos pela Funasa. Este contingente de mais de 15 mil índios reside em 22 municípios de norte a sul do Estado, morando e trabalhando em condições precárias, mas buscando melhores condições para seus filhos. Sem recursos e um programa do Governo Federal para definir suas terras e programas de incentivo a agricultura e desenvolver sustentabilidade, a Fundação Nacional do Indio, orgão responsável pela assistência as comunidades indígenas, assiste a agonia das comunidades e nada pode fazer para impedir o êxodo de suas terras para os trabalhos nas destilarias, fazendas e sub-empregos nas cidades. A cada ano a tendência é piorar.
Muito diferente das imagens que circulam na mídia nacional e internacional de índios com cocares coloridos, continuam lutando pela demarcação de suas terras e lutando por saúde, educação e programas para melhorar o desenvolvimento nas áreas indígenas. Ao contrário do que muitos imaginam, os índios de mato Grosso do Sul, vivem da agricultura e da pecuária, integrados ao processo de desenvolvimento, como parte da sociedade.
A idéia romântica de silvícola vivendo da caça e da pesca, não existe mais. As matas deram lugar às plantações de capim para pecuária, extinguindo o pouco da caça que restava. As reserva legais onde vivem estão cada vez menores em conseqüência do crescimento populacional.
Guató: eram índios dóceis. Cultivavam milho, abóbora, batata, algodão e outros gêneros agrícolas. Além da lavoura, eles viviam da caça, pesca e da fauna pantaneira. Fabricavam também lindos tecidos coloridos de algodão. Não foram uns obstáculos para a colonização da Bacia Platina.
Kadiweu: os kadiweu pertencem a última tribo dos Mbayá Guaicuru, povo seminômade que habitava a região da Bacia do rio Paraguai. Os Kadiweu encontram-se, hoje, quase totalmente concentrados na reserva doada por Dom Pedro II ao seu povo pela participação ao lado dos militares na Guerra do Paraguai .
Caiapó: a partir do rio Pardo, poucos anos depois de iniciadas as monções, os Caiapó passaram a atacá-las: nos locais de pouso, procuravam desamarrar as canoas fazendo-as rodar água abaixo, quando não faziam ataque de morte. No varadouro de Camapuã, atacavam no correr dos transbordos, tornando-se necessário a vigiar dia e noite para a defesa das cargas, e escorraçavam os roceiros que se estabeleciam às margens do rio Pardo.
Guaicuru: ao longo do rio Taquari, ao leste do Paraguai, os guaicuru, índios cavaleiros, atacavam freqüentemente as monções, mas os viajantes aprenderam que, ganhando alguma mata ou águas profundas, facilmente se livrariam deles.
Paiaguá: a partir de 1725, os Paiaguá, índios canoeiros, passaram a perseguir com sucesso as grandes monções, principalmente as que desciam com ouro. Como canoeiros lutando sobre a água, venciam sempre porque suas canoas eram pequenas e facilmente manobradas na abordagem aos pesados canhões dos monçoeiros.
Terena: por serem agricultores e de índole pacífica, os índios Terena, quase sempre foram submetidos por outras nações mais guerreiras em uma tática de sobrevivência. Eles foram dominados pelos Guaicuru, em troca de produção de alimento, recebendo proteção contra outras tribos. Tinham uma submissão amistosa. Atualmente as comunidades estão concentradas na região noroeste de Mato Grosso do Sul. Pertencem ao tronco linguístico Aruak.
Foram os últimos a entrar na Guerra do Paraguai e pode ser este o motivo de não serem totalmente dizimados como outros povos. No pós-guerra voltaram a instalar-se nos antigos locais e entraram em competição com os criadores de gado, que naquele período começavam a adentrar a região. Foi então que passaram a ser mão-de-obra dos senhores brasileiros que foram favorecidos com territórios ocupados.Tiveram suas áreas invadidas e acabaram sendo despejados, sendo dispersos pelas fazendas do Mato Grosso do Sul.
No início do século XX, eles foram utilizados pelo marechal Rondon para a construção da linha telegráfica, do extremo Oeste do país até a Amazônia Ocidental. Foi o início do reagrupamento da comunidade em pequenas reservas demarcadas pelo próprio Rondon.Os indígenas também participaram da construção da estrada de Ferro Noroeste do Brasil e da fundação de diversas cidades ao longo da via férrea, nos serviços mais pesados. Terminadas as obras os indígenas voltaram para a as reservas.
Atualmente possuem pequenas porções de terras insuficientes ao seu crescimento populacional. Com isso os homens são obrigados a sair para o trabalho pesado nas usinas de álcool, fazendas ou nas cidades com mão de obras barata e não especializada. As mulheres ficam em casa com as crianças, mas muitas saem para vender frutas e verduras ou trabalhar como empregadas domésticas.
O idioma terena ainda é falado na maioria das aldeias, apesar da grande convivência com o meio urbano nas cidades de Aquidauana e Miranda. O povo Terena está tentando resgatar sua cultura e, algumas comunidades mantêm suas tradições como a Dança do Bate Pau e a produção de cerâmica e tecelagem.
Mesmo com uma pequena área, sobressaem-se na agricultura, cultivando arroz, feijão, mandioca e milho, que são à base de sua alimentação. Plantam ainda o feijão de corda e o maxixe. O excedente de sua produção é levado paras as cidades, onde é comercializado.
Ofayé Xavante : Donos de um território que ia do rio Sucuriú até as nascentes dos rios Vacarias e Ivinhema, com uma população estimada em mais de cinco mil índios, a nação dos Ofaié Xavante se resume hoje a pouco mais de meia centena de pessoas, em uma reserva no município de Brasilândia. A história desse povo está relacionada à violência, perseguição e ao extermínio, chegando a serem dados como extintos por antropólogos e historiadores.
Desde os primeiros contatos com a civilização, os Ofaié resistem à interferência em suas terras e cultura, procuram lugares cada vez mais isolados. Os primeiros foram registrados nas abundantes florestas das margens do Rio Paraná no início do século XVII. Foi quando teve inicio o verdadeiro pesadelo que quase os levou ao extermínio. Além de serem perseguidos por outros povos indígenas que habitavam a região por causa de sua passividade, tinham no seu encalço os caçadores de escravos.
Eles eram procurados pelos paulistas por serem excelentes serviçais e substituir os índios rebeldes. Com a descoberta do ouro no Estado e o povoamento de suas terras com fazendas de criação de gado, os Ofaié viveram perambulando pelos lugares mais remotos, até conseguirem se reagrupar nas margens do rio Paraná.
De estrutura franzina e arredios a qualquer contato com outros povos, os Ofaié viviam em pequenos grupos, sempre em constante mudança, fugindo dos índios Kaiapó e Guarani, buscando as florestas para escapar de seus captores. Eles viviam exclusivamente da caça, pesca, coleta de frutas e mel.
Instalados em precárias moradias que ocupavam por breves períodos, mantinham pequenas aldeias com o máximo de 20 famílias. Suas habitações eram distribuídas de forma circular, tendo um espaço na área central onde realizavam suas festas.
O cacique, líder da comunidade, tinha algumas regalias, como a de possuir a melhor localização habitacional, além de objetos pessoais adornados com penas de pássaros e dentes de animais selvagens. Os cargos eram transmitidos hereditariamente, podendo haver substituição caso não houvesse interesse do titular.
O feiticeiro, ou pajé era o conselheiro espiritual da comunidade, cabia a ele, dar os nomes aos recém-nascidos, que eram de pássaros que não podiam ser abatidos por quem tinha o nome.
O núcleo familiar do Ofaié é de grande importância. Depois do casamento, o marido geralmente leva a esposa para morar em uma cabana próxima à moradia de seus pais ou muitas vezes morando com eles.
Guarani : Senhores dos ervais da fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai e com uma área superior a dois milhões de hectares, a nação Guarani, do tronco Tupi, ainda resiste as investida do homem branco e luta pela retomada de parte de seu território. Nômade e coletores que tiravam da natureza somente o necessário para a sobrevivência, eles tiveram seu território reduzido drasticamente. A população ficou dividida em 22 pequenas áreas em 16 municípios no sul do estado.
Desde a entrada dos exploradores espanhóis em 1516 na Bacia Platina, os Guarani começaram a ser perseguidos e os que resistiam eram exterminados. No ano de 1600, o governador de Assunção no Paraguai informou ao Rei da Espanha que era impossível dominar os índios e que deveriam ser submetidos aos ensinamentos evangélicos.
Surgiram as reduções jesuíticas que pagavam imposto a coroa, e que na verdade eram grandes “colônias de escravos”, onde os índios eram obrigados a trabalhar na extração da erva mate e na agricultura. Essas missões, apesar do caráter religioso com que se revestiam, funcionavam na realidade, como empresas econômicas, comercializando no mercado externo os bens produzidos pelos indígenas. As crenças e hábitos dos índios eram ridicularizados pelos religiosos, que os obrigavam a se vestir e trabalhar segundo as regras rigidamente estabelecidas e que nada tinham a ver com o modelo de vida indígena.
Os bandeirantes portugueses destruíram mais de 30 reduções e o que restou foi extinta com o banimento de seus membros.Os guarani partiram em deserção para o Oeste e se estabeleceram numa área entre a Serra de Maracaju e a margem direita do rio Paraná. Por um breve período tiveram paz.
Depois da Guerra Brasil Paraguai, o comendador Tomáz Laranjeira descobriu que toda área Sul de Mato Grosso tinha na erva mate sua exuberância vegetal nativa e estabeleceu fazenda em Dourados e Amambaí. A exploração do mate trouxe o prenúncio do fim do mundo Guarani. Os índios foram expulsos de suas terras e eram mão-de-obra escrava, trabalhando por ferramentas, tecidos e sal. No século XIX, a Cia Mate Laranjeira, ocupou quase toda a área tradicional Guarani.
Caiuá :Eles vivem na região sul do Estado e no passado eram milhares ocupando 40% do território que compreende Mato Grosso do Sul. Pertencem ao tronco lingüístico Tupi e é um dos únicos grupos indígenas que tem noção de seu território.Durante a exploração da erva mate, as comunidades ficaram em pequenas reservas, e até hoje seus territórios sagrados continuam a ser invadidas por fazendeiros e agricultores. Em sua cultura, acreditam que foram os primeiros a serem criados por Deus, vindo depois os Guarani, outros grupos indígenas e os brancos.
Desde a chegada dos colonizadores, os Caiuá sempre foram confundidos com os Guarani, por terem como base o mesmo idioma, apesar de suas culturas e aspectos físicos serem diferentes e considerados únicos. Dentre seus costume está o preparo da chicha, bebida de milho cozido e fermentado, usado na alimentação, rituais e festas.
O Caiuá tem uma estatura mais alta e sempre viveu da caça e da pesca, plantando somente o necessário para o sustento da família. Sua alimentação baseia-se, no milho, considerado alimento sagrado, a mandioca e, atualmente, o arroz. Eles se denominam Kaáguygua. Os Guarani tem estatura mais baixa com hábitos alimentares baseados em frutas e mel, além da caça e da pesca.
As duas nações também realizam o Aty Guasu, que é uma reunião com os 28 caciques das áreas indígenas da região sul do estado. Essas assembléias servem para decidir os trabalhos que serão realizados nas aldeias Guarani e Caiuá.
Uma das manifestações culturais mantidas até os dias atuais é o Jerokiguasu ou a grande reza. Essa maneira diferente de louvar seu deus confundia os europeus, que acreditavam que os indígenas estavam apenas dançando. Ela é realizada durante um período em que ocorre o nascimento de muitas crianças que são batizadas com seus nomes na língua nativa. O Nhanderu, ou pajé, reza durante três dias, ingerindo cauim e água de cedro. No quarto dia, o Cheru Hyapu Guasua manda para o céu o nome das crianças que nasceram nos últimos meses. O controle de natalidade é feito com ervas medicinais e os partos são realizados na aldeia e quase sempre sozinhas. Não há crianças abandonadas. Na falta dos pais, são sempre adotadas por uma família.
Na década de 50, os Caiuá moravam em casas grandes, que eles denominavam O gajekutu, reunindo até cem pessoas da mesma família grande. Atualmente elas cederam lugar a casas geralmente pequenas, abrigando apenas a família nuclear, embora mantendo a proximidade territorial com os demais membros da família extensa, pais filho e genros, que são base organizacional.

Guató - São índios canoeiros; viveram ; viveram e vivem nas cercanias das grandes lagoas e dominaram, por longo tempo, extenso trecho do rio Paraguai e parte do antigo curso do Rio São Lourenço.
Os Guató foram únicos habitantes da ilha Ínsua /Bela Vista do Norte /Porto Índio, localizada no ponto extremo nororeste do Mato Grosso do Sul, município de Corumbá, na fronteira com a Bolívia.
Em 1996, conquistaram o direito de ocupar parte de seu território , tradicional, a aldeia Uberaba, localizada na Ilha de Ínsua. Hoje, hoje há cerca de 150 habitantes na aldeia e, aproximadamente, 500 pelas morrarias do Pantanal adentro e periferia das cidades, principalmente Corumbá e Cáceres.
Hábeis caçadores, atacavam as onças, que uma vez abatidas, davam-lhe o direito a posse de uma companheira. Do rio utilizam o peixe e o jacaré como base de alimentação. Plantavam mandioca, milho e cereais de outras espécies e colhiam nas matas o que mais lhes eram necessário a subsistência , como frutos e mel.
Ofaié - habitantes e legítimos donos de um grande território, construíam seus acampamentos a beira dos rios, ocupando uma grande área, que ia do Sucuriú até as nascentes dos rios Vacaria e Ivinhema. No final do séc. passado a população ofaié era estimada em mais de 2 mil pessoas; hoje, o grupo está resumido a menos de cem índios.
Atualmente vivem na região de Brasilândia em 484 alqueires, cedidos pela CESP, Cia. Energética de São Paulo. Como indenização pela inundação da área do lago da Usina de Porto Primavera; aguardam a demarcação física e a ocupação efetiva de mil novecentos e vinte e sete hectares do seu antigo território, contíguo a essa área adquirida pela CESP, onde lutam para conservar idioma e tenta renascer sua cultura.
Este grupo é talvez um dos mais antigos do estado e foi arredio ao contato como branco e mesmo com outros índios.
Terena - povo agricultores e de índole pacífica preservam sua língua materna o espírito fraterno e acolhedor. Foram utilizados pelo Marechal Rondon na construção da linha telegráfica, no extremo oeste do país até a Amazônia. Muitos Terena participaram também da construção da estrada de Ferro Noroeste do Brasil.
Atualmente, somam-se cerca de 19.370 índios terena no estado, ocupando 26 pequenas aldeias, localizadas nos municípios de Anastácio, Aquidauana, Dois Irmãos do Buriti, Miranda, Nioaque, Rochedo e Sidrolândia, área insuficiente para o seu vigoroso crescimento demográfico e cultural.
Os Terena, para subsistir adotaram a prática comercial, vendendo nas cidades próximas a reserva e na capital aquilo que produzem; outra forma de garantir o seu sustento é o trabalho nos canaviais.
Kadiwéu - são os últimos remanescentes da família Guaicuru habitantes do território compreendido desde o Rio Apa até Rio Paraguai, já a parti do século XVI domesticavam cavalos e utilizavam não somente para caça, mas também para as montarias. Hábeis cavaleiros exímios guerreiros, não permitiram jamais a expansão européia na região, através da expedições portuguesas e espanholas. As perdas foram grandes para a coroa portuguesa, que, em 1791, firmaram o único “ Tratado de Perpétua Paz e Amizade”. Entre uma nação indígena e a coroa portuguesa pela nossa história.
O povo Kadiwéu é excelente ceramista com desenhos e motivos geométricos que inspiram grandes arquiteturas na Europa. Hoje, são poucos mais de 1.800 indígenas.

O Povo Guarani
Os Guaranis, no Brasil, subdividem-se en três grupos: Mbyá, Kaiová e Nandeva. Esses dois últimos, com predominância dos Kaiová, vivem no Mato Grosso do Sul. Os Nandeva auto- denominam-se Guarani. Cerca de 24.649 Guarani e Kaiová espalhados em vinte e duas pequenas áreas ( média de 1,6 hectares por pessoa), insuficiente até mesmo para subsistência, muitas delas com problemas de limites ( invadidas) e outras com processo na justiça “ sub judice”, fruto do encurralamento, justapondo tekohas num mesmo e reduzido espaço físico que força o trabalho fora das aldeias, levando a mendicância e o perambular. Justaposição de tekohas significa “ conflito de autoridades”, de famílias extensas. Resultado : insegurança e desestruturação interna nas aldeias. Calcula-se ainda que 4.000 Guarani e Kaiová vivem desaldeados nas periferias das cidades, às margens de rodovias sobrevivendo do artesanato e subempregados em fazendas. Outro resultado do encurralamento, que têm igualmente uma série de conseqüências não analisadas aqui.
Os Guarani, há aproximadamente 200 anos, ocupavam 25% ( vinte e cinco por cento ) do território que hoje compreende o Estado do Mato Grosso do Sul, correspondentes a 8,750 milhões de hectares de terras. Segundo o padre jesuíta Meliá, os Guarani são o único grupo Guarani que mantém, até hoje, a noção de território próprio. O território deles se estende ao Norte até os rios Apa e Dourados e ao Sul até a serra de Maracajú e os afluentes do Rio jejuí. Sua extensão Este- Oeste atinge os cem quilômetros em ambos os lados da Serra de Amambaí.

A CONSTITUIÇÃO DA COMPANHIA MATTE LARANJEIRA

Em 1882 , através do Decreto de n.º 8.799, de 9 de dezembro, Laranjeira obteve da Corte o arrendamento das terras da região para a exploração da erva mate nativa, porém sem o direito de impedir a colheita da mesma erva por parte dos moradores locais[1].
De posse da permissão de exploração dos ervais, pelo governo brasileiro, Laranjeira inicia um crescente processo de exportação da erva mate. Cabe ressaltam que a exploração de ervais por Laranjeira não ocorria apenas no território brasileiro mas também no paraguaio onde era detentor de grande respaldo.
Desta forma Laranjeira achava por bem centralizar em Conceição, no Paraguai o comando das exportações. “A erva era exportada através de Ponta Porã, pelos rios paraguaios até àquela localidade, onde era embarcada, e pelo rio Paraguai chegava a Buenos Aires.” (SEREJO, 1986:235).
Com o aumento sempre continuo das exportações ervateiras, Thomaz Laranjeira passa a usar da sua influência junto ao General Antônio Maria Coelho, Presidente da Província de Mato Grosso, para que conseguisse junto ao Governo Federal a renovação das concessões além da viabilização de novas área solicitadas. Já que com a proclamação da República, as terras devolutas passam para a responsabilidade das Constituições dos Estados.
Thomaz Laranjeira recebe, através do Decreto n.º 520, de 23/06/1890 a ampliação dos limites de posse, atingindo o monopólio na exploração da erva-mate nativa na região abrangida pelo arrendamento. Apesar da grande conquista que lhe garantia provisoriamente um afastamento da possibilidade de concorrentes, enfrentava ainda a falta de capital para promover a expansão do processo de exploração, “contava apenas com seu empreendimento individual não tendo como implantar uma organização empresarial que pudesse dinamizar o processo de produção.” Em 1891, acontece a exoneração do General Antônio Maria Coelho, um dos maiores colaboradores de Thomaz Laranjeira, “justificado por suas atitudes políticas que desagradavam seus adversários (Murtinho e Ponce),” (WEINGARTNER 1995:70). No mesmo ano foi eleito para o cargo de Presidente do Estado Manoel Murtinho, que logo após passa a reavaliar as concessões recebidas por Thomaz Laranjeira. Com a chegada da família Murtinho à Presidência do Estado e a perda do poder dos aliados de Laranjeira, os rumos da exploração ervateira mudam, a família Murtinho passa a questionar o monopólio adquirido por Laranjeira. “Manoel Murtinho, Presidente do Estado, através da Lei n°. 26, abre concorrência pública para o arrendamento da área compreendida entre os rios Iguatemi e Paraná.
“O vencedor dessa concorrência é o Banco Rio e Mato Grosso, cujo Presidente é Joaquim Murtinho.” (idem:71). O Banco Rio e Mato Grosso, nasce do estimulo de Rui Barbosa, Ministro da Fazenda, que trabalhava com o determinado objetivo de aumentar o número de empresas no Brasil. Com a vitória da família Murtinho através do Banco Rio e Mato Grosso, Thomaz Laranjeira passa a ter que dividir seu monopólio sobre os ervais.
Percebendo seu enfraquecimento político e financeiro, Laranjeira resolve aliar-se aos Murtinho. Em 1892 acontece a fundação da Companhia Matte Laranjeira, tendo como seu principal acionista o Banco Rio e Mato Grosso. Laranjeira participa da companhia como acionista.
Em 1892 a erva-mate passou a ser embarcada num porto construído pela Companhia Mate Laranjeira – o Porto Murtinho, mais tarde surgiu a cidade do mesmo nome. Ponta Porá também nasceu das operações da empresa.
Após o reordenamento das forças políticas, seguida da Constituição da Companhia Matte Laranjeira, segue o firme propósito de aumentar os domínios de terras e mercado.
Finalmente, através da Resolução n.º 103, de 15/07/1895, a Companhia consegue a maior área arrendada, tendo ultrapassado os 5.000.000 ha, “tornando-se um dos maiores arrendamentos de terras devolutas do regime republicano em todo o Brasil para um grupo particular” (ARRUDA, 1984:218). Segunda esta Resolução, os limites das posses da Companhia percorrem “...desde as cabeceiras do ribeirão das Onças, na Serra de Amambaí, pelo ribeirão S. João e rio Dourados, Brilhante e Sta. Maria até a Serra de Amambai e pela crista desta serra até as referidas cabeceiras do ribeirão das Onças”).
As concessões feitas à Companhia Matte Laranjeira atingem em cheio o território dos Kaiowá/Guarani. Ou seja, as atividades de exploração da erva-mate nativa se dão em pleno território indígena, onde se localizam dezenas de aldeias.
Em 1902, com a falência do Banco Rio e Mato Grosso, principal acionista da Cia Matte, dá-se o reordenamento das ações da empresa e a chegada de novos sócios, sendo o principal deles, o português Francisco Mendes, principal exportador e industrializador da erva produzida pela Cia Matte, sediado em Buenos Ares, Argentina .
Com a compra das ações pertencentes ao Banco Rio e Mato Grosso, Mendes assume o controle acionária introduzindo capital estrangeiro na exploração da erva-mate.
Com essa desvalorização e com o aumento da produção argentina, a Cia Matte volta seus interesses para aquele país. É bom lembrar que a chegada da ferrovia na região e a regularização de viagens, intensificam o fluxo de migrantes, provocando não só o aumento das áreas urbanas, como redução das áreas sob concessão da Cia Matte.
A Matte Laranjeira preocupada com a situação busca outras regiões como o Paraná, a própria Argentina.

TRANSFORMAÇÕES POLÍTICAS E ECONÔMICAS

A OLIGARQUIA SUL MATOGROSSENSE

Cuiabá era a cidade que tinha acesso direto ao centro administrativo do país. No sul a única cidade que tinha acesso era Corumbá.
Após a Guerra do Paraguai a região mineradora já totalmente esgotada começa ceder espaço à erva mate e daí cresce o interesse e a assistência política ao sul. A erva passou a ser vista como o substituto da antiga economia aurífera como se olharmos a nível de Brasil.
A capital, Cuiabá, estava longe e isolada era difícil manter o controle econômico, político e social. Daí o surgimento de muitas idéias divisionistas ainda no final do século passado.
Esta situação faz com que surjam grupos de proprietários que comecem a defender seus interesses. A formação destes grupos está ligada à sistematização da pecuária, com a chegada dos mineiros e a criação da Mate Laranjeira embora que a Mate estivesse intimamente ligada com o governo do estado principalmente com a entrada dos Murtinhos negócios.
A erva mate passa a ser o centro da atenção e o centro econômico e fora da região da erva crescem as fazendas de gado. A ligação entre as fazendas de gado e os ervais eram feitas pelos fazendeiros-comerciantes que enriqueceram muito com o trabalho de intermediários de produtos das fazendas de gado com a região da Mate Laranjeira e com produtos que vinham de outras regiões do país. A falta de moeda obrigava a troca (escambo). Porém como a Mate Laranjeira era ligada com o governo do estado e tinha o monopólio total da região da erva e chegava a interferir nas outras regiões, pelo menos politicamente, não tardou a surgir situações de conflitos políticos que chegaram a ponto de ser até conflitos armados.
De um lado os habitantes dos ervais tinham dificuldades de legalizar seus lotes de terra pois a Mate não permitia que isso acontecesse além de que a Mate proibia que se desenvolvessem outros tipos de culturas a não ser para a subsistência. De outro lado os criadores de gado que estavam fora da região da erva tinham pouco apoio político por parte do governo estadual e sabiam que tal governo era intimamente ligado a Mate Laranjeira.
Tais conflitos se desenrolam no final do século passado e começo deste século e têm no seu interior o ideal divisionista.
Na capital do estado apareciam sérios conflitos políticos pelo domínio no governo estadual. A briga mais séria era entre os Murtinho e Generoso Ponce. Com a proclamação da República houve novo reordenamento político porém os conflitos permaneceram e até se intensificaram principalmente com o desenvolvimento do ciclo ervateiro no sul. Acontece que o sul passou a ser o centro da economia e das atenções. Os conflitos políticos no norte refletiam no apoio a lideres locais do sul que embora tivessem ideais divisionistas aceitavam o apoio dos políticos do norte pois isto lhe garantia certos privilégios econômicos. Além de que os políticos do norte fomentavam conflitos entre os líderes sulistas impedindo o desenvolvimento dos ideais divisionistas.
Um dos conflitos mais sérios foi entre os fazendeiros-comerciantes João Ferreira Mascarenhas e João Teixeira Muzzi este apoiado pelos Murtinho. Muzzi começou por defender a autonomia de Nioaque perde apoio dos Murtinho e é derrotado por Mascarenhas. Este conflito era entre sulistas e era ótimo para o interesse dos nortistas que viam nisso a possibilidade de manter a união. Aliás os Murtinho, que controlavam a Mate Laranjeira era contra qualquer idéia de divisão e contra qualquer vinda de imigrantes para a região da erva, chegou a proibir a instalação de estranhos e impedia que as pessoas já instaladas tivessem acesso a título definitivo das terras. E mais todos os que tivessem idéias divisionistas eram expulsos pela própria Mate.
Mascarenhas adota a bandeira divisionista e passa a lutar, naquele momento, contra o governo que no sul era representado pela Mate. É perseguido e morto.
Outro líder sulista foi Bento Xavier que passa a lutar pela legalização das terras aos pequenos proprietários na região da Mate Laranjeira "Revolução da Paz". Queria a suspensão e eliminação dos direitos da Mate Laranjeira. Luta também contra a proibição de instalação de gaúchos no Paraguai voltando em 1911 nada conseguindo. Com a ferrovia surgem novos líderes e começa a minar a resistência da Mate Laranjeira, porém assim mesmo ela manteve ainda, por relativo espaço de tempo, o controle sobre a região. O governo estava em situação econômica difícil e a Cia supria com empréstimos e com isso mantinha suas vantagens (o governo não questionava o autoritarismo da Cia e a Cia não questionava o caos econômico).
A necessidade de se manter contato com a região oeste do país de forma mais rápida e eficaz e a ligação com Paraguai e Bolívia faz surgir o projeto de ferrovia.
Em 1903 é criada a empresa NOB que começa a idealizar a ferrovia. São feitos os primeiros estudos e começa a construção em 1905, o projeto era Bauru – Cuiabá. Em 1907 a rota é alterada para Bauru – Corumbá por causa da conveniência de se ter uma ligação com a Bolívia e a futura ligação entre Atlântico e Pacífico.
Em 1908 começa a construção em Porto Esperança (Rio Paraguai), Em 1914 encontra-se em Campo Grande (estação Ligação).
Em 1952 ligação de Porto Esperança a Corumbá, com a inauguração da ponte sobre o Paraguai.
Em 1953 é inaugurado o ramal que liga a Ponta Porã.
Campo Grande passa a centralizar as atividades econômicas, ligadas principalmente à criação de gado, e também políticas. A grande vantagem é que estava fora dos domínios da Mate Laranjeira. Chegou a tornar-se capital econômica do MT. Mudou o eixo econômico Cuiabá – Corumbá – São Paulo e Rio de Janeiro para Campo Grande – São Paulo.
A disputa política entre norte e sul se torna mais acirrada embora o norte ainda tivesse o apoio incontestado da Cia Mate Laranjeira. Porém a ferrovia traz mais e mais imigrantes aumentando também os ideais divisionistas.
Além disso tivemos a instalação de grande contigente de militares principalmente em Campo Grande. Aquidauana e Miranda. Aliás estes militares desenvolvem alguns movimentos ligados aos movimentos militares da década de 20 (Tenentismo). Uma das idéias era fundar o estado de Brasilândia que acaba não vingando.
A coluna Prestes e simpática ao divisionismo, porém não consegue nada com seu intento.

O PROCESSO DIVISIONISTA
O NOVO ESTADO

A Revolução Constitucionalista de 1932, São Paulo leva o sul do Mato Grosso apoiar os paulistas e o governo do estado permanece fiel ao governo de Vargas. Em Campo Grande foi instalado um governo independente sob o comando de Vespasiano Barbosa Martins. O nome do Estado era Maracaju. Chegou a criar um Diário Oficial.
O líder militar do movimento militar foi o Gal. Bertoldo Kingler que comandou as tropas no Sul do Mato Grosso para axilar os paulistas contra o governo de Vargas. Levou para São Paulo 5.000 homens do sul do Mato Grosso. O movimento foi reprimido, com a vitória de Vargas sobre os paulistas, e a maior parte dos líderes se refugiu para o Paraguai. A revolução representou um prestígio político para o sul de Mato Grosso um amadurecimento de suas lideranças políticas e uma efetiva participação do sul do Estado nos movimentos políticos da nacionalidade, que surgiram posteriormente. As lideranças políticas do sul que estavam em Nioaque e Corumbá se deslocaram para Campo Grande que passou a ser o grande centro irradiador das principais idéias políticas.
Aproveitando as idéias divisionistas, em 1932, foi criada a Liga Sul-Mato-Grossense cujo principal objetivo era mobilizar a opinião pública em torno da divisão. Em 1934 o Mal. Cândido Mariano Rondon fala do movimento e se coloca contra, pois para ele quem estava interessado com o movimento eram pessoas de outros estados, e que o sul não tinha recursos para tanto. Os sulistas respondem com uma publicação em jornais acusando os arranjos políticos. No Rio de Janeiro houve um manifesto feito por estudantes oriundos do sul do Mato Grosso.
A liga Sul-Mato-Grossense envia para a Assembléia Constituinte de 1934 uma representação de 20 mil assinaturas pedindo a divisão e formação do Estado de Maracaju. A introdução deste documento foi feita pelo Gal. Góes Monteiro. O pedido não foi atendido pela Assembléia. Cuiabá procura reprimir o movimento com o uso da política.
Em 1943 Vargas criou o, na mesma época que criou os Territórios de Guaporé (Rondônia), Amapá, Rio Branco (Acre) e Iguaçu. O Território Federal de Ponta Porã do Rio Apa até o Miranda e o Dourados. Foi um jeito encontrado por Vargas para isolar as idéias divisionistas. O Território foi extinto com a Constituição de 1946.
Neste mesmo ano foi criada a Colônia Federal de Dourados onde foram 10 mil lotes de 30 hectares dados aos emigrantes nordestino que saíam de São Paulo. Daí surge Vila Brasil (Fátima do Sul) e Vila Glória (Glória de Dourados), Ivinhema, Nova Andradina e Itaporã.
As idéias divisionistas ganham mais forças graças à ação da Liga Sul-Mato-Grossense. Muitas pessoas se empenham na luta. Mas foi em 1961, quando é eleito o presidente Jânio Quadros, nascido na região, acreditou-se que o movimento desenvolver-se-ia, porém o próprio Jânio era contra a divisão. Jânio Chegou a afirmar que a tesoura símbolo da divisão "cortava-lhe o coração".
Uma nota oficial, do governo federal, é noticiada no dia 3 de maio de 1977 anunciando que seria criado o Estado novo. Geisel precisava garantir para os militares a maioria de representantes no congresso nacional por causa do Pacote de Abril de 77. Na verdade a criação do estado a nível federal foi um retrocesso político.
O 1º nome a suscitado foi "Campo Grande", idéia do próprio governo federal. Porém a Liga Sul-Mato-Grossense fez campanha para que fosse "Mato Grosso do Sul".
O estado foi definitivamente criado pela lei complementar n.º 31 de 11 de outubro de 1977 e a capital seria Campo Grande.
As disputas políticas já existiam e se fizeram mais presentes do que nunca principalmente em torno do nome que iria assumir como governador. Os nomes mais fortes eram políticos profissionais da região, como: Mendes Canale, Levi Dias, Pedro Pedrossian, Rachid Saldanha Dérzi, Marcelo Miranda, este único era Prefeito da capital. Porém o nome escolhido pelo governo federal foi o engenheiro do DNOS Arri Amorim Costa (gaúcho).
A instalação do estado foi 1º de janeiro de 79 no teatro Glauce Rocha. Onde também foi empossado o prefeito da capital Marcelo Miranda.
No mesmo ano Arri foi retirado do governo por conveniências políticas. Assume Londres Machado presidente da Assembléia Legislativa até que o nomeado Pedro Pedrossian, com apoio do governo federal, afasta Marcelo Miranda da prefeitura da capital, a prefeitura foi assumida pelo senador Levi Dias.
Em 1982 foram realizadas as primeiras eleições para governador e foi eleito Wilson Barbosa Martins.

Imigração, migração e crescimento do Estado
As migrações são deslocamentos de populações de um lugar para o outro, podem ser externas (de um país para outro) e internas (dentro do pais).
Na migração externa temos a contribuição dos primeiros europeus a chegarem aqui(portugueses e espanhóis). Podemos apontar também os Paraguaios, bolivianos,japoneses, árabes.
Quanto as migrações internas temos, os goianos, mineiros(que entraram pela região nordeste e fundaram fazendas de criação de gado), José Antônio Pereira (mineiro), foi o fundador de Campo Grande. Ainda temos a presença dos gaúchos, paulistas e paranaenses.

Manifestações culturais
Nas manifestações culturais sul-matogrossenses temos a influência indígena, elemento nativo; dos espanhóis, que foram os primeiros europeus a percorrerem a região; dos portugueses, e mais tarde dos migrantes das outras regiões brasileiras.
No folclore – no Pantanal acredita-se na lenda do bicho Pé de Garrafa e no Minhocão.
No artesanato – esculturas em madeira, trabalho em couro, artesanato de barro em Corumbá.
Festas populares
· São João em Corumbá
· A do Pescador em Coxim
· A do Senhor do Divino em Camapuã, Figueirão e Pontinha do Cocho.
· A de Nossa Senhora do Caacupé em Porto Murtinho
· A de São Benedito em Campo Grande
· A fogueira gigante em Jateí
· As danças – caranguejo, catira, cobrinha ou revirão, cururu, engenho de maromba, sarandi, siriri.

Na alimentação – guaraná ralado, tereré, leite na palha, forrundu (mamão verde ralado com rapadura), arroz carreteiro, churrasco com mandioca, carne seca ao sol, sopa paraguaia, etc.


Um comentário:

wilber disse...

Boa Mestre!!

Muito obrigado,por nos disponibilizar este exelente matérial,tenho absoluta serteza que vai nos ajudar muito!!

Abração,Deus abençõe!!