A 1ª GUERRA MUNDIAL
O CONFLITO QUE TRANSFORMOU O MUNDO
A disputa por
novos mercados e fontes de matérias-primas provocou confronto entre potências
imperialistas. Esgotadas as alternativas diplomáticas as nações
industrializadas se envolveram num conflito, entre que ceifou a vida de milhões
de pessoas e desencadeou uma crise social, política e econômica que atingiu
todo o mundo. Depois da primeira guerra, como ficou conhecido o conflito, a
Europa perdeu a preponderância mundial.
AS RAZÕES DA GUERRA
Já mencionamos
que a industrialização alemã começou mais tarde que nos outros países europeus.
Assim, quando este país resolveu entrar na partilha imperialista do mundo, o
mercado mundial já estava repartido. As colônias mais ricas da Ásia e da África
pertenciam à Inglaterra e à França, e uma nova divisão do mundo colonial não se
daria facilmente. A Alemanha não estava satisfeita.
O rápido
desenvolvimento da indústria alemã, por outro lado, quebrou o equilíbrio de
forças entre a França e a Inglaterra, pois essa nova potência ameaçava os
mercados da indústria inglesa e francesa.
OS PREPARATIVOS [ARA A GUERRA
Uma vez
constituídos estes dois sistemas de alianças, o clima de tensão aumentou em
toda a Europa. Em diversas regiões estouraram conflitos, que terminaram por
fazer aumentar a agressividade da Tríplice Aliança e a resistência dos países
da Tríplice Entente em tudo o que se referia à nova partilha das colônias prq
qualquer lugar do mundo.
Por volta de
1910, o cenário da guerra estava montado. As atenções de toda a Europa se
voltavam apara a região dos Balcãs, disputada pelas potências dos dois acordos
e agitada por levantes nacionalistas.
O ESTOPIM DA GUERRA
Em 28 de junho
de 1914, o herdeiro do trono da Austria-Hungria foi assassinado em Sarajevo,
capital da Bósnia, por dois nacionalistas sérvios que lutavam contra o poder
dos Habsburgos. A Áustria-Hungria, que pretendia, há muito tempo, anexar a
Sérvia, entrou em acordo com o governo alemão, que utilizou esse pretexto para
iniciar o conflito. Em 19 de julho de 1914 a Áustria-Hungria declarou guerra à
Sérvia. Em 29 de julho a Inglaterra anunciou que interviria, no caso de uma
invasão na França ou na Bélgica.
DAS GUERRAS EUROPÉIAS À GUERRA MUNDIAL
A guerra na
Europa se desenvolvia em três frentes de batalha: a frente ocidental, onde os
alemães combatiam os franceses, ingleses e belgas; a frente oriental, onde os
alemães combatiam os russos; e a frente dos Balcãs, de importância secundária,
onde os austríacos lutavam contra os sérvios.
Aproveitando-se
do enfraquecimento da presença européia na Ásia, o Japão procurou anexar as
colônias alemãs no Pacífico e consolidar sua influência no Extremo Oriente.
A Turquia
também entrou na guerra para conquistar algumas ilhas no mediterrâneo. Em outubro
de 1914, declarou guerra à Rússia e estendeu os campos de batalha para todo o
Oriente Próximo.
No final deste primeiro ano, a
guerra alcançou também a África, onde ingleses e franceses ambicionavam algumas
colônia alemãs.
A GUERRA
Num primeiro
momento, a guerra fez-se de movimentos rápidos, com a Alemanha deslocando seus
exércitos para a Bélgica na tentativa de invadir a França.
Mas as tropas
russas, marchando sobre a Prússia Oriental, fizeram com que a Alemanha tivesse
que deslocar parte das unidades combatentes para esta região. Sem esforços para
continuar a invasão da França, as tropas alemãs tiveram que recuar, detendo-se
na região do rio Oise. Neste segundo momento, a guerra passou a ser uma guerra
de posições, ou seja, de trincheiras, em que cada exército tentava vencer o
adversário pelo desgaste progressivo das forças em luta.
POR QUE OS ESTADOS UNIDOS ENTRARAM NA GUERRA
Durante os
primeiros anos da guerra os Estados Unidos mantiveram-se aparentemente neutros.
Na verdade, o apoio norte-americano se traduza, desde o início, no fornecimento
de armas, munição e, principalmente, em créditos para financiar as operações
bélicas dos países aliados.
O
prolongamento da guerra preocupava o capital norte-americano. A possibilidade
de vitória da Alemanha, ainda que remota, ameaçava os investimentos
norte-americanos, os Estados Unidos declararam guerra á Tríplice Aliança, em 6
de abril de 1917.
POR QUE A RÚSSIA SAIU
A instauração
da República Socialista Soviética, cujo programa incluía proposta de paz com a
Alemanha, levou este país a entrar em conversações com o governo alemão. Em
dezembro de 1917, com a assinatura do tratado de Brest-Litovsky, o
recém-formado governo russo saiu da guerra.
O FIM
Em 1918, a
Alemanha fez uma última e desesperada tentativa para romper com o impasse e
derrotar seus inimigos da Entente. Inicialmente, concentrou suas forças na
frente ocidental e, em março, lançou a última ofensiva de grande alcance nessa
frente. Mas seu principal objetivo não foi atingido: derrotar os exércitos
anglo-franceses antes da chegada das tropas americanas. Em julho chegaram os
reforços americanos, e as últimas ofensivas alemãs fracassaram, enquanto que,
nas outras frentes, os aliados da Alemanha também capitulavam.
Nos Balcãs, a
Bulgária se rendia às ofensivas dos aliados. Em seguida, a Turquia assinava sua
rendição. A derrota austríaca na frente italiana levou ao desmoronamento final
da monarquia dos Habsburgos. A velha monarquia multinacional foi dividida em
estados nacionais hostis entre si.
Na Alemanha,
as revoltas populares se sucediam. O movimento operário se reorganizava e, por
toda parte, surgiam sovietes (conselhos operários) que se encarregavam da
administração das cidades que haviam escapado ao controle do governo central.
Era o fim do II Reich. Em novembro de 1918 o imperador Guilherme II foi
obrigado a abdicar, sob pressão da revolução que estourou em Berlim. Foi
instaurada a República de Weiraar na Alemanha.
Em 11 de
novembro de 1918, a Alemanha terminou por assinar o armistício incondicional
com as forças da Entente.
LEITURA COMPLEMENTAR
O MUNDO DEPOIS DA GUERRA
Depois da
primeira guerra, a Europa já não era a mesma. Havia perdido a influência do
mundo. Mergulhava rapidamente em uma crise que duraria até as vésperas de outra
guerra: a Segunda Guerra Mundial.
A Alemanha
teve quase 2 milhões de mortos; a França e a Inglaterra, juntas, mais de 2
milhões. A Rússia, incluindo a fase da guerra civil, perdeu perto de 5 milhões
de habitantes. Enfim, a quantidade de mortos deixava qualquer outro conflito
anterior parecer uma pequena batalha perto da carnificina provocada pela
Primeira Guerra Mundial.
Os prejuízos
materiais eram incalculáveis. O comércio estava praticamente a zero. Somente os
países que ficaram distantes do palco da guerra, como os Estados Unidos e o
Japão, conseguiram tirar proveito do comércio europeu. Também para a América
Latina o conflito trouxe alguns benefícios, como veremos mais adiante.
A Primeira
Guerra Mundial foi o prenúncio da crise total que se abateu sobre a Europa, ao
mesmo tempo que marcou a mudança do centro das decisões para o outro lado do
Atlântico. Também acirrou as contradições do capitalismo, a ponto de provocar o
aparecimento de uma nova forma de sociedade: a socialista.
A REVOLUÇÃO SOCIALISTA RUSSA
O começo do
século XX trouxe mudanças à velha Rússia czarista. Em 1905 passou por uma
revolução, que seria apenas um prenúncio do que ocorreria depois.
A Primeira
Guerra Mundial acentuou os conflitos.
Entre o final
de 1916 e outubro de 1917 a revolução estava presente praticamente em todo o
país. Em fevereiro de 1917 o czar Nicolau II teve que abdicar. A burguesia
tentou desesperadamente manter-se no poder, numa seqüência de governos
instáveis.
Esta situação
caótica deu oportunidade para que o grupo bolchevique tornasse o poder,
conduzindo o proletariado russo na instauração do primeiro Estado socialista da
história.
O processo de
consolidação do socialismo foi penoso. Houve oposições internas e externas a
esse regime. E foi somente após um longo período de guerra civil que o
socialismo soviético conseguiu se estabilizar.
A RÚSSIA ANTES DA REVOLUÇÃO
Na Segunda
metade do século XIX, a velha Rússia feudal teve que se modernizar: precisou
construir grandes vias férreas e surgiram as primeiras indústrias. Assas rápidas
transformações acentuaram ainda mais as contradições e a diferenciação social
existentes. Surgiram organizações e partidos políticos com o objetivo de
transformar a sociedade russa.
O assassinato
do czar Alexandre II só fez aumentar a repressão aos que se opunham à
autocracia. Seu sucessor, Alexandre III, desencadeou uma onda repressiva:
deportações, enforcamentos e a formação da polícia política Okhrana, através da
qual controlava toda a vida política e cultural do país.
Nessa época
formou-se o Partido Operário Social Democrata Russo, de orientação marxista,
liderado por George Plekanov. Perseguidos pela polícia, muitos membros tiveram
que fugir para o
exterior. Mas mesmo assim o
partido crescia, com adesões de intelectuais e da pequena mas dinâmica classe
operária russa. Um dos membros desse partido era o intelectual Vladimir Ilich
Ulianov, que, para fugir ã perseguição da polícia, adotara o pseudônimo de
Lênin.
Havia
constantes discussões, dentro dos partidos políticos, sobre que caminho adotar
para as transformações da sociedade russa. Em 1903; o Partido Social Democrata
realizou um congresso em
Londres e Bruxelas (era
impossível fazê-lo na Rússia), onde levantou duas teses: ou a sociedade
socialista se faria através de uma lenta evolução natural, ou seria atingida
através da insurreição revolucionária do proletariado.
Esta última
tese fora apresentada por Lênin num panfleto intitulado “Que fazer” e ganhou
maioria dos adeptos. Esse grupo, liderado por Lênin, recebeu o nome de boIchevique (maioria); o outro grupo
intitulou-se menchevique (minoria), e
era liderado por Martov, Dan, Tsereteli, além de contar com as simpatias de
Leon Bronstein, conhecido como Trotski.
1905: O ABRANDAMENTO DA AUTOCRACIA
Quando Nicolau
II subiu ao trono, a situação da Rússia parecia estável. A expansâo
imperialista russa parecia não encontrar obstáculos .Os capitais estrangeiros
penetravam no império czarista. No entanto, a expansão czarista foi detida com
a guerra russo-japonesa(1904-1905), que abalou as extruturas da velha Rússia.
A derrota
diante do Japão revelou a crise do sistema autocrático do czar. Começaram as
primeiras manifestações populares em Petr gado(1905).A liderança do movimento
passou para os operários, até fevereiro. Aos poucos, a direção da
revolução foi tomada pela burguesia e pela classe média, que se agrupavam em
torno do Partido Constitucional Democrático conhecido como partido
cadete reivindicavam uma constituição e algumas reformas. Não pensavam no fim
da monarquia nem, evidentemente, na instauração do socialismo.
No final do
ano, a revolução popular recomeçou. Os marinheiros do couraçado potemkin se
revoltaram apoderando-se do comando. Em Petrogrado os operários e soldados
desmobilizados se organizaram no Soviete, assembléia na qual eram definidas as posições
dos trabalhadores russos. Trotski, recém chegado do exílio e inclinado ao
bolchevismo, liderou o Soviet de Petrogrado.
Diante das
pressões, o czar Nicolau II lançou um manifesto, em outubro de 1905, fazendo
algumas concessões e prometendo uma Constituição que estabeleceria a eleição de
um parlamento(duma).
As concessões
do Czar, aliadas à repressão, enfraqueceram o movimento revolucionário. Entre
1906 e 1912 foram eleitas três dumas. Todas eram conservadoras. A autoridade
absoluta do imperador foi restaurada. Algumas reformas foram feitas: a agrária,
por exemplo, que fez nascer uma classe média camponesa (kulak) e proletarizou o camponês pobre.
Enquanto isso,
a política da corte e da Coroa se corrompia cada vez mais. O czar e a czarina
ficaram sob a influência de um monge charlatão, de nome Rasputin. A nobreza
russa se deteriorava no começo do século XX.
A PRIMEIRA GEURRA MUNDIAL E A CRISE
A Rússia fazia parte da Tríplice Entente, participando da guerra do lado dos
ingleses e franceses. O prolongamento da guerra causou sérios problemas par o
país: a perda de imensos territórios, a morte de metade dos efetivos militares
e as paralisação da indústria. Diante da impossibilidade de adquirir produtos
industrializados, os camponeses diminuíram a produção agrícola. Os gêneros
alimentícios subiam de preço e as greves aumentavam. O sistema econômico
emperrava em todos os setores..
Os
mencheviques de esquerda, os bolcheviques e os anarquistas eram radicalmente
contrários à guerra, que só favorecia os grandes capitalistas dos países
imperialistas. Lênin, Trotsky, Martov e outros lideravam essa posição.
1917: O ANO VERMELHO – FEVEREIRO DE 1917
Em fins de
1916, o exército imperial russo tentou uma última e desesperada ofensiva contra
os alemães, que redundou em total fracasso.¿- ¿ ¿ " “ " " ¿
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As oposições
liberais burguesas passaram a criticar o czar, através da duma. Mas o czar aumentava a repressão e recusava qualquer
modificação.
A escassez de
alimentos multiplicou as greves, principalmente em Petrogrado. Aos poucos,
essas greves deixavam de ter um aspecto reivindicatório e passaram a exigir o
fim do governo. Os partidos Políticos de esquerda, que se achavam mergulhados
na clandestinidade, começaram a ressurgir. Todos exigiam a derrubada da monarquia.
Mas a tomada imediata do poder pelos operários só era defendida pelos
bolcheviques de Lênin. Trotsky se aproximava do grupo de Lênin.
Em fevereiro
de 1917, a situação era incontrolável. Operários do bairro industrial de Viborg
marcaram, sem a aprovação de bolcheviques ou mencheviques, manifestação e greve
para o dia 23 de fevereiro. Nas frentes de batalha também havia
descontentamento. Em 26 de fevereiro, os soldados receberam ordem do dia nos
manifestantes operários, provocando a morte de mais de quarenta deles. Mas, na
noite desse mesmo dia, os soldados se aliaram aos rebeldes. Soldados e
operários retiravam as bandeiras do imperador e substituíram-nas por bandeiras
vermelhas.
Os membros da duma temiam o avanço do movimento
popular. Este movimento transformou-se, com a participação dos operários, e
ressurgiu o soviet de petrogrado. Da direção participaram alguns mencheviques,
socialistas revolucionários e bolcheviques em menor número. A presidência coube
ao menchevique Cheidze e a vice-presidência a Kerenski.
A duma formou um governo provisório: a
presidência coube ao príncipe liberal Lvov; o ministério do exterior ao
conservador liberal Mliukov e, para dar um toque revolucionário, Kerenski foi
convidado.
Os generais do
Czar tentaram conter o avanço da revolução. Mas os soldados só obedeciam às
ordens do sovietes. Ao Czar Nicolau II só restou a abdicação. Miguel, seu
irmão, foi designado novo imperador, cargo que ocupou por menos de um dia,
pois, diante da grande pressão popular, também teve que abdicar. A monarquia
terminava na Rússia no dia 27 de fevereiro de 1917.
O GOVERNO PROVISÓRIO
Havia dois poderes na
Rússia, após a revolução de fevereiro: os Sovietes e a
duma. A
duma, atendendo
aos interesses da burguesia, pretendia manter a Rússia na guerra e estabelecer
um regime parlamentar, de estilo ocidental burguês. Os Sovietes queriam a saída
imediata da guerra e reformas profundas em relação aos operários e camponeses.
Mas havia divergências quanto à reforma de fazer essas transformações.
No começo de abril
começaram a chegar os exilados políticos: Lenin e Trotsky chegaram quase ao
mesmo tempo. Lênin assumiu a liderança do partido bolchevique e lançou as Teses
de Abril, que propunham: transferência de poder aos Sovietes; instauração de
uma República Socialista; nacionalização dos bancos; distribuição das terras
aos camponeses; saída imediata da guerra.
Os Sovietes,
que eram dirigidos pelos mencheviques moderados, não concordaram com as teses
de Lênin. Segundo eles, os movimentos populares não estavam apto.i para tomar o
poder. Os mencheviques, em minoria, não conseguiram convencer as massas. Nessa
altura, Trotsky já era um bolchevique.
A duma pretendia restaurar a ordem e
recomeçar a guerra. Em maio de 1917, novo movimento popular ocasionou a
demissão de Lvov e Miliukov. Kerenski tomou a direção do governo provisório.
Em junho, nova
ofensiva russa contra os alemães resultou em fracasso. Os bolcheviques ganhavam
adeptos. No mês de julho houve uma tentativa de golpe, feita pelos
bolcheviques. Mas o governo e os mencheviques conseguiram rachaçá-la. Lênin se
refugiou na Finlândia e Trotsky foi preso.
A agitação
prosseguia. Um general de nome Kornilov, apoiado pelo partido burguês dos cadetes, organizou um golpe de Estado,
pretendendo restaurar o antigo regime. Em setembro, seus soldados avançaram
sobre Petrogrado. Todos os Sovietes, principalmente os bolcheviques, defenderam
a cidade, terminando por receber a adesão dos soldados de Kornilov.
A REVOLUÇÃO DE OUTUBRO
Kerenski ia
rapidamente perdendo a confiança do povo, mas ainda contava com o apoio dos
Sovietes mencheviques. Em 9 de setembro, os mencheviques perderam a direção dos
Sovietes, que passaram para as mãos dos bolcheviques liderados por Trotsky.
Os
bolcheviques, que ganhavam mais e mais adeptos, preparavam o levante para
encetar o golpe final. Lênin, da Finlândia, incitava seus companheiros a
prepararem para tomar o poder. Trotsky organizava a Guarda Vermelha, composta
de operários e soldados dos Sovietes.
Consciente de
que aquele era o momento apropriado para a tomada do poder, Lênin voltou
clandestinamente a Petrogrado em 7 de outubro. Kerenski organizou sua prisão,
Que não foi concretizada, pois nenhum soldado quis cumprir tal ordem. Kerenski
e seus partidários estavam isolados.
Através de uma bem organizada
estratégia, os bolcheviques tornaram toda a cidade em menos de vinte e quatro
horas. Em 25 de outubro, somente o Palácio do Inverno resistia. Mas o cruzador
Aurora, nas mãos de marinheiros bolcheviques, bombardeou o palácio. Kerenski
fugiu.
Imediatamente reuniu-se o II
Congresso dos Sovietes, com maioria bolchevique. Em seguida formou-se um
governo sob a liderança dos Sovietes dos operários, soldados e camponeses,
assim composto: presidência, Lênin; negócios estrangeiros, Trgtsky; instrução
pública, Lunacparsky; nacionalidades, Stálin. O órgão supremo desse governo era
o Conselho dos Comissários do Povo. Era o primeiro governo socialista da
história, formado por operários, soldados e camponeses.
A GUERRA CIVIL
O programa
bolchevique começou a ser posto em prática. Delegados liderados por Trotsky
foram enviados para entabular negociações com os alemães. A paz foi assinada em
Brest-Litovsky.
Outra medida
foi a distribuição dos grandes latifúndios aos camponeses. Na verdade, esse
decreto só legalizou uma situação de fato: os camponeses já haviam tomado as
terras.
Um decreto de
grande importância foi o relacionado à autodeterminação das nacionalidades. O
império russo era composto de várias nacionalidades: Finlândia, Ucrânia,
Geórgia, etc. A partir do decreto, essas nacionalidades seriam respeitadas,
embora fizessem parte da federação.
Em julho de
1918 foi estabelecida a Constituição que originou a denominação do novo país:
República Federal Socialista e Soviética Russa. Mais tarde formar-se-ia a URSS,
União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Essa constituição, provisória,
estabelecia a ditadura do proletariado, nos moldes marxistas.
Mas os antigos
membros do velho regime organizavam a contra-revolução armada. Desde fina¿
1917, o sul do país estava se organizando contra o regime bolchevique. Era a
formação do Exército branco, liderado pelo czarista Denikini. Os países aliados
apoiavam o Exército Branco, que pretendia continuar na guerra.
De
forma geral todos os países apoiavam os conservadores czaristas, temerosos de
que o “perigo vermelho” se espalhasse pelo mundo capitalista. O Conselho
Superior de Guerra dos países aliados resolveu que cada país enviaria 5 mil
homens para sustentar os brancos.
Mas Trotsky
organizava o Exército Vermelho. E o Exército Branco, mesmo apoiado por forças
estrangeiras, foi derrotado em todas as suas tentativas de invasão. No começo
de 1921, a guerra civil estava terminada, e a República Soviética salva.
É preciso
lembrar que as organizações operárias da França, Inglaterra e Estados Unidos
fizeram grandes manifestações e longas greves em apoio ao governo bolchevique,
exigindo que se “tirassem as mãos da Rússia”.
ORGANIZAÇÃO ECONÔMICA
A economia do
novo país praticamente ficara paralisada. Diante desse quadro, Lênin adotou o
chamado Comunismo de Guerra, que regulamentava rigidamente a produção e o
consumo do país durante a Guerra Civil. Toda a produção foi confiscada. As
fábricas eram geridas por um diretor, assistido por um conselho operário. No
campo, o estado estabeleceu o confisco dos cereais. Quando a Guerra Civil
deixou de ameaçar o Estado Socialista, nova política econômica foi adotada.
Em 1921
instituiu-se um grupo para estudar a planificação econômica, o Gosplan.
Enquanto o Gosplan fazia seus estudos, Lênin elaborou a nova política
econômica, conhecida como N.P.E. Lênin achava que era preciso recorrer à
iniciativa privada para reconstruir a economia e incentivar o renascimento da
indústria, ao mesmo tempo que se forneceriam os gêneros alimentícios
necessários às cidades.
Pela NEP os
camponeses poderiam vender livremente seus produtos no mercado. Incentivou o
pequeno artesão e o pequeno empresário. Abriu o país aos investimentos
estrangeiros, mas sobre rigoroso controle. A economia começou a se reanimar com
o crescimento da produção agrícola e a pequena produção industrial.
No fim de
1923, a NEP dava sinais de decadência. Essa política proporcionou o
aparecimento de aproveitadores e de médios proprietários (kulak), interessados
no aumento de preços. Por isso pensava-se em retomar o ritmo da socialização.
Em 1924 Lênin morreu, e a luta pelo poder se intensificou.
LUTA PELO PODER
Essa luta
começou entre o Secretário do Partido, Stálin, e Trotsky, Comissário da Defesa
e um dos mais destacados líderes e teóricos do Partido.
As. disputas
teóricas entre os dois podem ser resumidas da seguinte maneira: para Trotsky, o
socialismo na Rússia s6 sobreviveria se a revolução socialista se estendesse a
outros países; por isso, ele defendia a tese da “revolução permanente”. Para Stálin,
o socialismo deveria se consolidar primeiramente na Rússia, para depois se
estender a outros países: era a tese do “socialismo num só país”.
Stálin temia o
embasamento teórico de Trotsky e iniciou um trabalho para desacreditá-lo
diante, das bases do partido. Em 1925, Stálin conseguiu destituir Trotsky do
cargo de Comissário da Defesa. Este passou a fazer violentas oposição ao
Secretário Geral. Stálin, utilizando-se de sua força e da política secreta (G.
P. U.), venceu seus adversários. Dois partidários de Trotsky foram condenados à
morte. Trotsky foi expulso da União Soviética, exilando-se no México, onde foi
assassinado, em 1940, por um agente de Stálin. A partir de 1929, Stálin
estabeleceu uma ditadura pessoal na União Soviética, contrariando o conceito
leninista de socialismo.
O CRESCIMENTO DA RÚSSIA SOVIÉTICA
O Gosplan
propôs planos qüinqüenais para o desenvolvimento da economia russa. O objetivo
era duplicar a produção geral do país. Na verdade, os planos eram destinados,
principalmente, à indústria de base, carente Do país.
No meio do
terceiro Plano Oüingiienal, por volta de 1940, a Rússia já era a
terceira potência mundial e a segunda na Europa (abaixo dos estados Unidos e
Alemanha). A produção de aço aumentara 450% e a eletrificação 800%.
A agricultura
também se modernizava através da socialização. Foram criados dois tipos de
exploração agrária: os sovetskolz, fazendas
de propriedade do Estado, e os kolkolz, fazendas
de propriedade cooperativa, administradas pelos camponeses.
A Rússia se
modernizou rapidamente em todos os setores. Mas, com o rearmamento da Alemanha
nazista e a Segunda Guerra, os esforços se concentraram na indústria bélica,
consumindo a riqueza do país.
LEITURA COMPLEMENTAR
O SIGNIFICADO DA REVOLUÇÃO RUSSA
A Revolução
Russa, ocorrida em 1917, deixou o mundo abalado. Pela primeira vez tentava-se
estabelecer um tipo de governo onde os trabalhadores teriam participação. Os
líderes do novo Estado tinham plena convicção de que estava nascendo a
sociedade socialista, onde as diferenças entre as classes sociais deveriam
desaparecer. Era o nascimento de um novo modo de produção, que substituiria o
capitalismo.
Esse novo
sistema se definia pela propriedade coletiva dos bens de produção. O
representante da coletividade seria o Estado, que, por isso, era proprietário
das fábricas, das terras, da máquinas etc. aos indivíduos ficava a propriedade
dos bens de consumo, isto é, as roupas, os objetos de utilidade doméstica. Este
sistema era contrário ao capitalismo, caracterizado pela propriedade privada.
E, enquanto o
socialismo da jovem União Soviética lutava para sobreviver, inaugurando uma
nova era na história, o mundo capitalista começava a mergulhar na maior crise
que se tinha notícia desde seu nascimento.
A CRISE DE 1929
ESTADOS UNIDOS: PROSPERIDADE, DEPRESSÃO E RECUPERAÇÃO
Os Estados
Unidos foram os que mais se beneficiaram com a Primeira Guerra Mundial. Como os
americanos só começaram a participar das ações bélicas a partir do verão de
1918, tiveram poucos mortos e feridos, se compararmos aos outros participantes.
Além disso, os ganhos, durante a guerra e imediatamente após, foram muito
grandes.
Quase toda a
indenização paga pela Alemanha aos aliados(França e Inglaterra) foi transferida
para os Estados Unidos, como pagamento de juros dos empréstimos e das dívidas
das compras feitas durante a guerra.
Esse dinheiro
fez com que a indústria e a agricultura dos Estados Unidos conhecessem altos
índices de crescimento. Foi uma época de prosperidade material, que fez com que
esse país se tornasse exemplo e modelo de sociedade, em oposição ao socialismo
da Rússia Soviética.
O FIM DA EUFORIA
Entretanto,
todo esse crescimento era frágil. No sistema capitalista - voltado para o lucro
- há uma tendência aparentemente contraditória: a redução da taxa de lucro. O
capitalista, dono da indústria, tende a aplicar na aquisição de novas máquinas,
mas o progresso técnico gera a dispensa da mão-de-obra. Aliado a isso, o
aumento real dos salários diminui em decorrência da aplicação em maquinário.
Ora, a queda do valor real dos salários diminui o poder de compra da população.
Sem esse poder de compra, o lucro do capitalista diminui.
Assim, em
meados da década de 20 a situação da economia norte-americana era a seguinte: a
produção, cada vez mais automatizada, crescia violentamente, enquanto o consumo
desses produtos não acompanhava o mesmo ritmo. Entretanto, a euforia parecia
ter chegado a grande maioria dos americanos, que se recusava a enxergar tal
fenômeno.
A CRISE
Em 1928,
Herbert Hoover foi eleito para a presidência da República, e seu discurso de
posse foi bastante otimista. Enquanto isso, as mercadorias ficavam estocadas
nas prateleiras das lojas. As altas taxas protecionistas adotadas pelos EUA
originaram uma reação igual nos países para os quais exportavam seus produtos.
Apesar desse quadro anunciador de crise, a euforia da aparente riqueza
continuava. A compra e a venda de ações das grandes empresas canalizavam a
poupança de quase todos os cidadãos, do operário ao médio empresário.
Em outubro de
1929, as ações começaram a baixar de preço. Foi o princípio do fim. Todos
começaram a vendê-las e grande parte dos investidores ficou completamente
arruinada.
Pequenas e
médias empresas fechavam suas portas. Os bancos faliam. Só as grandes empresas
sobreviviam, despedindo operários, reduzindo as horas de trabalho e cortando os
salários. Em 1933 havia 15 milhões de pessoas desempregadas.
No campo a
crise teve efeitos imediatos e de extrema gravidade. Não havia quem comprasse
os estoques de trigo e outros cereais. Os consumidores passavam fome, pois não
tinham dinheiro para comprar. Sem dinheiro para pagar o que deviam aos bancos,
os pequenos grangeiros perdiam suas propriedades.
Essa situação
só tendeu a piorar até o final do governo republicano de Hoover. Diante de tal
quadro, nas eleições presidenciais de 1932 os republicanos foram derrotados e
foi eleito o democrata Franklin Delano Roosevelt, que anunciava reformas
profundas em toda a sociedade americana.
O “NEW DEAL”
Com o New Deal (Nova Distribuição como foi chamado o programa do novo presidente, o
Estado passou a interferir na economia. As medidas de Roosevelt chegaram, em
alguns momentos, a ter vaga semelhança com o socialismo, o que lhe valeu
críticas de deputados e senadores mais conservadores.
Cercando-se de
técnicos e especialistas em economia, Roosevelt iniciou um programa de
urgência: emitiu mais papel-moeda para dinamizar a economia; a exportação de
ouro foi proibida; promulgou leis para aliviar a dívida dos mais drásticas:
< o Agriculture Adjustment Act instituiu um
pagamento aos pequenos agricultores para que não plantassem mais, forçando a
subida dos preços;
< o National Industrial Recovery Act (Nira)
limitou a produção industrial e estabeleceu salários mínimos para os
trabalhadores, incentivando o consumo;
< a
mão-de-obra ociosa foi absorvida no trabalho em grandes obras públicas:
estradas, barragens, hidrelétricas etc.;
< o National Labour Relations Act regulamentava
as relações entre empregados e patrões, dando garantias aos trabalhadores para
sua organização e direito a greves.
Essas leis de
certa forma favoreceram os operários, mas arrefeceram uma certa tendência
revolucionária mais radical. O New Deal de
Roosevelt se mostrou bastante eficiente, mas ainda insuficiente para acabar com
a crise. O clima de guerra que se armava na Europa, entretanto, fez com que os
Estados Unidos iniciassem a política de rearmamento, fato que ajudou a resolver
a situação de crise no país.
A crise
econômica norte-americana favoreceu a concentração de capitais. Foi um período
marcado pela total ruína dos pequenos e médios empresários e pelo extremo
enriquecimento dos grandes.
LEITURA COMPLEMENTAR
O ÚNICO PAÍS QUE ESCAPOU DA CRISE DE 1929
Enquanto todos
os países do mundo mergulhavam na mais negra das crises, A União Soviética
vivia espetaculares taxas de crescimento econômico. O país se industrializava
numa velocidade incrível, e em 1932 o desemprego era zero. Um motivo disso foi
o isolamento da URSS. Boicotada pelos países capitalistas ela sofria menos influências
da flutuações mundiais.
Para os
comunistas, o sucesso soviético era a prova da superioridade da planificação
socialista sobre o mercado capitalista. Afinal, Karl Marx, em O Capital, havia previsto que o
capitalismo iria se consumir em crises de superprodução.
AS DITADURAS
O FASCISMO E O NAZISMO: ARMAS CONTRA O SOCIALISMO.
Após a
Primeira Guerra Mundial, a Revolução Social parecia incontrolável. Camponeses
se apoderavam de terras, operários tornavam fábricas e usinas. A instauração do
fascismo na Itália e do Nazismo na Alemanha atendeu às necessidades da
burguesia, que precisava conter as agitações operárias a fim de levar avante o
processo de concentração do capital.
A ITÁLIA FASCISTA
Apesar das
dificuldades da expansão imperialista italiana, a concentração do capital se
processava, com o aparecimento de grandes empresas como a Fiat e a Ilva. E a
concentração do capital era acompanhada por um aumento das tensões sociais,
fato que incentivou os trabalhadores a formarem um partido socialista.
A participação
da Itália na Primeira Guerra ao lado da Entente satisfazia os grandes trustes
do capitalismo monopolista, como a Fiat, a Ilva e as usinas Ansaldo, pois seus
produtos tiveram cliente certo: o próprio Estado. Por outro lado, o Partido
Socialista, em sua linha pacifista, e os setores liberais, ligados à indústria
leve, criticavam a participação italiana no conflito.
Entretanto,
dentro do próprio Partido Socialista havia discordâncias: Benito Mussolini,
redator-chefe do jornal socialista Avanti,
após o início das operações bélicas, declarou-se favorável à guerra. Isto
lhe custou a expulsão do partido. A partir daí, Mussolini tomou posições de
extrema direita e lançou as bases do movimento fascista.
Após a guerra,
a Itália atravessou uma profunda crise econômica e social. A inflação e o
desemprego cresciam, e a influência da Revolução Socialista Russa estimulava os
movimentos operários, que caminhavam para a radicalização.
As péssimas
colheitas aumentavam o preço do trigo e tornavam a Itália dependente dos
Estados Unidos no fornecimento do cereal. Os ex-combatentes que voltavam das
frentes, ansiosos por reingressar na vida civil, não encontravam trabalho,
marginalizando-se.
AS LUTAS POLÍTICAS E OS FASCISTAS NO PODER
A pequena e
média burguesia saíram profundamente descontentes com os resultado da guerra.
Não se concretizaram as anexações dos territórios no Norte, aos quais a Itália
se julgava com direito de recompensa pela participação na Primeira Guerra ao
lado dos vencedores.
Enquanto isso,
os movimentos populares aumentavam:
< o Partido
Socialista quadruplicou o número de militantes;
< nasceu o
Partido Popular, de orientação católica e ligado aos camponeses;
< a C.G.T.
(Confederação Geral do Trabalho) exigia medidas cada vez mais radicais, inspiradas
na Revolução Socialista Russa.
Em 1921,
alguns socialistas dissidentes, como Gramsci, Bordiga e outros, fundaram o
Partido Comunista Italiano.
A burguesia italiana temia o
“perigo vermelho”. Então organizou grupos armados de desocupados, ex-combatentes
e marginais, que impediam a concentrações socialistas e os movimentos
grevistas. Em março de 1919 surgiu o Fascio
de Combatimento, fundado por Benito Mussolini; os militantes desse
movimento eram conhecidos como fascistas. Se a grande burguesia via com entusiasmo
esse movimento, a pequena burguesia acreditava que era o único caminho para
recuperar a honra perdida do nacionalismo italiano.
Em maio de
1921, depois de uma campanha violenta, os fascistas conseguiram eleger 35
deputados, entre eles Mussolini. Em novembro de 1921, Mussolini e outros
elementos da cúpula fascista fundaram o Partido Nacional Fascista.
O Partido
Fascista, financiado e apoiado pelos grandes industriais e latifundiários,
lançou um ultimato ao governo liberal: ou o governo controlava as manifestações
das esquerdas, ou os fascistas se encarregariam de restabelecer a ordem.
As esquerdas,
divididas, nada fizeram contra o avanço das forças fascistas.
Em 27 de
outubro de 1922, hordas de “camisas negras” fascistas chegaram à capital: era a
chamada marcha sobre Roma. O rei, Vítor Emanuel III, pressionado pela grande
burguesia e pelos militares do alto escalão, demitiu o primeiro-ministro e
convidou Mussolini para formar um novo ministério.
O novo governo
formado por Benito Mussolini era composto de maioria fascista. Uma de suas
primeiras medidas foi pedir plenos poderes ao Parlamento. A ditadura estava a
caminho. Depois de uma violenta campanha, os fascistas venceram as eleições de
abril de 1924. Em maio, um deputado do Partido Socialista denunciou a fraude
dos fascistas nas eleições. Esse deputado foi seqiiestrado e morto por um grupo
de fascistas ligados a Mussolini.
Uma crise
política se iniciou. Todos os partidos exigiam providências imediatas. Mas nada
foi feito. Ao contrário, no dia 3 de janeiro de 1925, Mussolini pronunciou um
famoso discurso na Câmara, no qual assumia inteira “responsabilidade política,
moral e histórica de tudo quanto aconteceu”. E oficializou a ditadura.
AS CARACTERÍSTICAS DO ESTADO FASCISTA
A partir do
discurso de Mussolini, iniciou-se a instauração de uma série de leis de
exceção. A Câmara dos deputados e o Senado eram exclusividade dos deputados
fascistas. O parlamento só podia discutir as questões que o chefe de governo
(Mussolini) aprovasse. Assim, o parlamento ficou reduzido a um simples órgão
referendativo.
Os deputados
de oposição foram presos e alguns foram mortos nas prisões pela polícia de
Mussolini. O partido comunista passou para a clandestinidade, e seu líder,
Antonio Gramsci, morreu devido aos maus-tratos recebidos na prisão. Os jornais
que se opunham ao regime foram tomados pelos fascistas.
Para legitimar
seu poder ditatorial e ser simpático às massas, Mussolini fazia discursos
teatrais. Chamava o fascismo de realização proletária, pretendendo ganhar o apoio
das massas trabalhadoras. Mas era à pequena e média burguesia que seus
discursos agradavam. Divulgava-se o mito do grande desenvolvimento da Itália.
No nível da
organização do Estado, instaurou-se o Estado
corporativista, cujo objetivo era controlar a classe operária para
facilitar a acumulação do capital nas mãos dos grandes monopólios. Tentou-se
reorganizar a sociedade criando corporações de operários e de patrões. O
conflito entre estas corporações seria intermediado pelo estado. O conceito de
luta de classes foi banido. O corporativismo tomou sua forma acabadas na Carta dei Lavoro (Carta do Trabalho ). O
estado fascista interferia constantemente na economia em benefício dos grandes
monopólios.
A aproximação
entre a Itália e a Alemanha se consolidou com a participaçãodos dois países na
Guerra Civil espanhola, ao lado das forças do general Franco. Em 1937, a Itália
entrou no Pacto Anti-Comintern (Aliança contra a União Soviética) com a
Alemanha. Pouco antes da guerra assinou o Acordo
de Aço com Hitler. A Itália entrou na Segunda Guerra Mundial arrastada pela
Alemanha e sem condições militares para isso.
ALEMANHA: DA REPÚBLICA DE WEIMAR À DITADURA NAZISTA
O processo de industrialização na
Alemanha foi bastante rápido. A concentração do capital e a formação de trustes
e cartéis se aceleraram depois da unificação. No entanto, a derrota da Alemanha
na Primeira Guerra desarticulou a produção, provocando um longo período de
agitação social e instabilidade política. Para os grandes monopólios a
instabilidade tinha de ser restaurada a qualquer custo. Este foi o drama da
chamada República de Weimar.
A PRIMEIRA GUERRA, A REPÚBLICA E A CRISE.
Os últimos
meses do ano de 1918 deixaram claro que a Alemanha era um país derrotado. A
entrada dos Estados Unidos na guerra, com os enormes recursos de que dispunham,
determinou a vitória dos aliados (franceses e ingleses). Até o final de
setembro a Alemanha já havia perdido quase 2 milhões de soldados. Um sinal
importante de que o fim estava próximo foi a revolta dos marinheiros da base
naval de Kiel, em outubro de 1918. Eles repetiram a ação dos soldados russos de
um ano antes, quando estourou a Revolução Socialista Russa.
Na Baviera, um grupo socialista tomou o poder local e proclamou a
república, embora tenha sido derrotado em seguida. O regime monárquico não
poderia suportar mais. No dia 9 de novembro o “Kaiser”, Guilherme II, abdicou.
A monarquia, sem monarca, durou mais algumas horas. Em Berlim os trabalhadores
praticamente tornaram a cidade. O grupo espartaquista, que representava a
esquerda do Partido Social Democrata, preparava a revolução socialista no molde
russo. Os setores mais conservadores do Partido Social Democrata, em acordo com
um setor do exército, tornaram a dianteira e proclamaram a República na cidade
de Weimar, no mesmo dia da abdicação do Kaiser. No dia 11 foi assinado um
armistício com os aliados, cessando todas as hostilidades.
No início de janeiro de 1919, o grupo de esquerda dos espartaquistas se
desligou do Partido Social Democrata e fundou o Partido Comunista Alemão.
O setor conservador do Partido Social Democrata preparava, através de
soldados e oficiais desmobilizados, chamados freikorps (franco-atiradores), a repressão aos revoltosos da
esquerda.
Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht, líderes do Partido Comunista, foram
assassinados por oficiais freikorps.
A Constituição da República de Weimar era,
aparentemente, bastante democrática. O poder legislativo era ( exercido pelo
Parlamento, chamado Reichstag, composto por deputados de diversos partidos,
eleitos livremente pelo povo. A presidência da República (exercida até 1925
pelo velho social-democrata conservador Friedcrich Ebert) escolhia o
primeiro-ministro, denominado chanceler. No entanto, o artigo 48 da
Constituição dava ao chanceler poderes extraordinários, deixando aberto o
caminho para uma verdadeira ditadura.
OS ANOS TERRÍVEIS
O período
entre 1919 e 1923 ficou conhecido como “os anos terríveis”. Foi em meados de
1919 que o governo da República de Weimar assinou o Tratado de Versalhes. Por
esse tratado a Alemanha ficou obrigada a pagar pesadas indenizações; teve seu
território dividido, o exército reduzido a um efetivo de 100 mil homens e
proibida de ter aviação e marinha.
Foi por esta
época que se difundiu o mito de que a Alemanha havia sido “apunhalada pelas
costas”, isto é, traída. Quem eram os traidores? Segundo os partidos de
direita, entre eles o chamado Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores
Alemães, mais conhecido como Partido Nazista, os culpados eram os socialistas,
os comunistas e os judeus. Além do mais, eram os responsáveis pelas greves
operárias. Essa posição antigrevista garantiu ao Partido Nazista o apoio de
poderosos grupos empresariais.
Mas quem
militava neste partido? Principalmente desempregados e ex-combatentes, numerosos
na Alemanha da época. O partido atraía também pequenos negociantes e
empresários temerosos do “perigo vermelho”, isto é, do comunismo. Apoiado nessa
massa e usando todos os meios ao seu alcance, inclusive a violência, o Partido
Nazista chegou ao poder.
No ano de 1923
a Alemanha já não conseguiu pagar suas dívidas de guerra. A França, em
represália, invadiu a industrializada região do Ruhr, agravando a crise alemã e
desencadeando uma mega nflação: um dólar chegou a valer 8 bilhões de marcos.
Aproveitando o
clima de insatisfação geral, o líder do Partido Nazista, Adolf Hitler, tentou
um golpe de Estado. Participaram dessa tentativa antigos combatentes, entre
eles o general Ludendorff. O golpe seria dado a partir de Munique, a capital da
Baviera, mas foi frustrado pela polícia alemã. Hitler foi preso e, na cadeia,
escreveu um conjunto de pensamentos conhecidos como Mein Kampf (Minha Luta).
1924 A 1929: A EUFORIA ALEMÃ
Entre os anos
de 1924 e 1929 a Alemanha parecia ter-se recuperado da crise econômica. Para
isso contou com grandes empréstimos dos Estados Unidos, através do chamado
Plano Dawes. O ministro das finanças, Hajalmar Schacht implantou uma política
recessiva, acabando com a inflação e estabilizando a economia. Apesar de os
salários permanecerem baixos, houve uma diminuição das agitações políticas. Os
partidos maios moderados aumentaram o número de seus deputados no Parlamento:
< Partido
Social-Democrata – mais de 150 deputados;
< Partido
Nazista – somente 12 deputados;
< Partido
Comunista – pouco mais de 50 deputados;
< Partido
do Centro Católico – pouco mais de 62 deputados.
Em fevereiro de 1925, o
presidente social-democrata, Ebert, morreu. Numa concorrida eleição foi eleito
para presidente da República o marechal Hindemburg. A Alemanha saiu
gradualmente do isolamento imposto pelos tratados do fim da Primeira Guerra.
Enquanto a
situação política se estabilizava, os nazistas, apesar de isolados, organizavam
seu partido numa estrutura militarizada e apoiada numa vasta máquina de
propaganda idealizada por Joseph Goebbels. Hitler cercou-se de outros antigos
militares como Ernest Roehm, criador das S.A. (tropas de assalto) e Heinrich
Himmler, criador das S.S. (tropas de elite).
A CRISE E A ASCENSÃO DOS NAZISTAS
Entre 1928 e
1930 o governo estava nas mãos do social-democrata Miller, e a maioria das
cadeiras do Parlamento era ocupada por social-democratas e comunistas. Mas a
Alemanha sofreu violentamente os reflexos da crise que começara em 1929 em Nova
Iorque. As greves começaram. A economia se estagnava novamente.
O governo de
Miller caiu, e subiu Brunning, de tendência liberal, que iniciou planos para
executar algumas reformas. Os grandes proprietários alemães, indignados,
formaram uma aliança com a alta burguesia.
E essas
aliança passou a financiar maciçamente o Partido Nazista, para que, com as S.A.
e as S.S., impedisse as manifestações operárias.
Das fileiras
do Partido Nazista faziam parte a pequena burguesia e a classe média, o
operariado mal informado de origem camponesa e a aristocracia operária
(trabalhadores especializados com altos salários). O discurso do Partido
Nazista era absorvido mais facilmente por essas camadas.
O número de
deputados nazistas cresceu significativamente nas eleições de 1930 e 1932. As
tropas
S.A. e S.S. sentiram-se
encorajadas a perseguir os comunistas. Os nazistas estavam cada vez mais
próximos
do poder.
O resultado
das eleições de 1932 dão bem a idéia de como o Partido Nazista cresceu,
defendendo a
moralidade, a estabilidade e a
restauração da Alemanha Grande, imperial:
< Partido
Nazista – 230 deputados;
< Partido
Social-Democrata – 133 deputados;
< Partido
Comunista – 89 deputados;
< Partido
do Centro Católico – 97 deputados.
Apesar desse
crescimento, os nazistas não obtiveram a maioria absoluta. Isto quer dizer que
eles seriam derrotados pela união dos demais partidos importantes. Mas os
social-democratas, os comunistas e os católicos se digladiavam entre si,
enquanto a direita se unia em torno dos nazistas.
Nesse quadro,
os representantes do capital monopolista e dos latifundiários passaram a
pressionar o presidente Hindemburg para nomear o chefe do Partido Nazista para
o cargo de chanceler.
A 30 de
janeiro de 1933, Hindemberg encarregou Hitler de formar o novo governo. De
início, Hitler agiu de maneira conciliatória. Mas seu objetivo era uma ditadura
sob a liderança de um Fiibrer, isto
é, um senhor absoluto de toda a Alemanha.
Um incêndio
ocorrido no Rreichstag (Parlamento) em 27 de fevereiro de 1933 foi atribuído
aos comunistas. A partir desse momento, os partidos de esquerda começaram a ser
perseguidos. Jornais marxistas operários foram fechados. A 28 de fevereiro foi
imposto o estado de emergência. Ficaram suspensos os sete artigos da
constituição que garantiam as liberdades do indivíduo.